quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Quero a normalidade

Eu sempre quis ser igual a todo mundo. Todo o mundo, literalmente não, mas falo da normalidade que envolve a maioria das pessoas. Eu sempre quis ser tão feliz quanto a maioria parece que é, e ter uma vida tão pacata quanto a maioria parece que tem.
E então, às vezes eu acho que tenho. Mas só às vezes. Em outras ocasiões, sinceramente, me sinto um peixe fora d'água. Me vejo tão diferente, completamente o oposto de todos.
Desde criança eu vejo a vida como um filme, onde o meu personagem não consegue se encaixar. Isso sempre me deprimiu de tal maneira, que eu acho que acabei me afastando da vida real. Não acho que eu seja melhor, acho apenas que sou muito diferente, e não há espaço entre as pessoas para alguém que pensa como eu.
Na verdade, acho isso tudo uma grande viagem. Mas é assim que me sinto.
Me sinto triste hoje, por não fazer algumas pessoas entenderem o quanto são importantes na minha vida. E sofro demais quando peço compreensão e ganho desprezo. É por isso que eu sempre quis tanto ser igual a maioria, e poder ignorar as pessoas, assim como muitas vezes sou ignorada.
Outro problema que tenho é a minha tendência a sempre acreditar no melhor das pessoas, acreditar em suas promessas. E com o tempo vejo que, simplesmente, as pessoas mentem, e eu fico frustrada, me sentindo uma grande idiota.
AS PESSOAS MENTEM! E não são mentirinhas cotidianas apenas. São mentiras que envolvem o coração, os sentimentos, a confiança, a lealdade.
Muitas vezes já tentei não acreditar. Mas sempre acredito. Na maioria das vezes me decepciono. E o problema em se decepcionar tanto, é que com o tempo nos tornamos apenas vítimas dessas pessoas e de nós mesmos, das nossas dores e tristezas.
Ok! Eu sei que realmente nada disso pode ter sentido. Mas aqui, dentro de mim, há muito.
Estou triste por perder pessoas. Estou sofrendo por não conseguir ver a vida com a simplicidade da maioria.
No fundo, eu só quero mesmo é poder rir como sempre ri, ao lado das pessoas que sempre amei...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Aprendendo

É tanta coisa pra pensar. Às vezes fica difícil coordenar as ideias. Parei até de escrever, mas confesso, estava me sentindo culpada por ter sumido.
Durante esses quase dois meses sem postar nada, aconteceram muitas coisas. Não vou ficar detalhando, mesmo porque não posso expor outras pessoas que dividem/dividiram comigo esses dias de angústia e alegrias e que fazem parte dos acontecimentos da minha vida.
Mas posso dizer que aprendi muito. Aprendi que preciso ter paciência. 
Aprendi que sinceridade, mesmo entre amizades que consideramos contretas é prejudicial.
Aprendi que até quem pensamos que estaria disposto a nos entender, não entende.
Aprendi que nossas escolhas sempre têm consequências. Aprendi que o reflexo dessas escolhas podem acontecer diariamente, nos tornando menos confiantes nas pessoas e em suas índoles. Aprendi que essas escolhas também nos tornam pessoas mais inseguras e incrédulas.
Aprendi que olhar pra trás pode ser doloroso, mas que às vezes pensar no futuro é muito mais. Que ser leal não significa que sejam conosco, e que buscar a verdade às vezes pode magoar.
Aprendi em tão pouco tempo, o quanto vale um abraço que não foi dado, um que não foi recebido. Aprendi que uma longa distância pode existir na mesma cidade, na mesma sala de trabalho, em casa...
Aprendi que o amor acontece quando menos se espera, e que vive por um tempo indeterminado, mas mesmo assim pode nunca ser visível. 
Aprendi que preciso estar atenta aos sinais, que preciso falar mais de mim e que preciso de socorro tanto quanto posso oferecê-lo.
Aprendi que o mundo é cheio de novas possibilidades, mas que há sempre algo que vai ficar faltando, pois somos ansiosos pela vida em abundância.
Acredito que devo ter aprendido muito mais...
Mas a lição maior, é que aprendi que é impossível conhecer alguém, pois a cada novo dia, todos nascemos novamente, e deixamos de ser quem éramos ontem.
E assim, a vida segue...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Atormentada

Retratos, motivos, argumentos
Falatórios que afugentam
Resultados, interpretações, momentos
Ruídos que amedrontam

Nesse vai e vem de retratos
Pelos gritos de motivos
Na bagunça de argumentos
Me perco

Na chuva de resultados
Nos rodeios de interpretações
Devaneios de momentos
Se perde
Não quero falatórios
Desisto dos ruídos
Recuso os gritos
Dispenso a indigestão
Que sufoca
Que oprime

Desisto da paciência
Recuso o ar negro
Dispenso a arrogância
Quero apenas, viver, em paz.




domingo, 31 de outubro de 2010

Futuro

Não, não esqueci
Foram anos em calendário
Foram séculos em pensamento
E você, sempre esteve aqui


As horas passaram para nós
E o passado tão presente
Parece enfim querer sossego
Mas sabemos, ele não vai conseguir


Os horizontes diminuíram
Mas ainda assim vivemos
Entre espaços curtos 
A vontade das nossas almas


Tão real é aquele dia
Que não aconteceu
Mas vive forte em nossa brisa
Emudece as nossas forças


Voltas em contextos imaginários
Sempre houveram de uma vez
Então, logo passe o tempo certo
Voltaremos para nós

sábado, 30 de outubro de 2010

Coração


Meu coração piscava
Corria tanto pra te alcançar
Que quando ao seu lado chegou
Ouvia-se sua alegria
Tum tum tum...

Eu senti, você ouviu
E a sua pele conversava com a minha
E nossas mãos tocavam nossos desejos
As luzes eram brilhantes
E o coração, cantava...

 
Batidas de rock no peito
E os olhos, simplesmente sorriam
No seu colo, a vida era mais
Era enorme, era viva
E o coração, sonhava...

Na sua boca eu vi o paraíso
E os olhos sentiram o riso
Do seu corpo gritando comigo
Dizia que a mim pertencia
E o coração, queria

A fragrância aguçou a saudade
Misturou-se ao tempo inalcançável
Que será por nós alcançado
Nessa vida, pela nossa vida
E o coração, prometia

 
O caos parecia mentira
E o fim era só uma ilusão
A esperança sempre nos uniu
E com o amor, nos fez um
E o coração, meu coração
Apenas ama, e espera.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estarei presente

Ah! Não me diga que já vais
Sua vontade não dói
Pois eu sei que é passageira

[Arrisca-te a cada dia
Quando foges do passado]


Ah! Não me fale dos seus erros
Não me importam seus tropeços
Eu te quero mesmo avesso

[Naqueles dias de outuno
Sabíamos da intensidade]


Ah! Não finja que tudo é normal
Teu sorriso te entrega
E teus olhos me tocam

[Entre as mãos que falavam
Ouvimos os apelos do amor]


Ah! Não queira apenas seguir
Tão bem quanto eu tu sabes
Vai me levar a qualquer lugar

[Quando precisares de mim
Olha para teu coração]

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amada fui

Amada fui
Fui muito amada
Ao som de champagne
Por momentos eternos
Fui amada numa tarde
Havia sol, estava quente
Quente feito os lábios
Os cortes anestesiados
Na ponta dos dedos a vontade
Sim, eu fui muito amada
Tão amada que senti lágrimas
Vieram ao meu rosto pelo seu
Fui tão amada que tremi
Senti tremer o lençol
Ah! Supernova delícia
De um amor delicado
Tão forte era, que ainda vive
Ainda vive aqui
Aí. Na eternidade
Idade não existe
Só existe o amor
O amor por mim. Por ti.
Entre nós.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fui amada

Tenho sorte
Fui amada
Tenho muita sorte
Fui muito amada
E, como se a vida fosse fácil
Ainda sou amada
Amam-me em silêncio
Mas às vezes ouço as notas do amor
Tenho sorte de ser assim, tão amada
O amor vem em música 
O amor veio em olhares
Ah! Esse amor que descontente
Por momentos escapa pelos dedos
Milímetros abertos o liberta
Liberta? Na verdade o prende
Num casulo, na primavera
Entre flores e lágrimas
Tudo tão lindo, tão lindo
Que fica feio, feio na prisão
E as imagens desse amor
São cenas solitárias
Que rodam em meus olhos
Mas a dor do passado não dói
Simplesmente, porque fui amada
E aqui, dentro de mim
Ainda sinto, ainda sou.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Amizade

Disseram a ela: "Tudo só depende de vc". 
Ela respondeu: "Tô ferrada".
Responderam: "Claro que não, mas isso infelizmente só pode partir de você, senão eu já tinha feito".




OBS.: Josy... vc é incrível... nem tenho palavras...
Saudades enormes!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Foi-se o tempo

Foi-se o tempo
Era pra ter sido naquele dia
Quando o céu estava azul
Era escuro, mas estava bem claro


Era pra ter sido naquele dia
Quando as mãos contaram segredos
Esboçaram um sonho sem rumo
Era fácil, mas foi impossível 


Era pra ter sido naquele dia
Quando na horizontal ouvi o sussurro
E os olhos lacrimejavam leveza
Era simples, mas ficou tão difícil


Era pra ter sido naquele dia
Quando a mensagem trocou o desejo
E rasgou o ritmo da luz
Era o momento, mas ficou pra outra vida

Era pra ter sido naquele dia
Quando houve um sinal
Que não foi lido
Talvez meio rígido
Tirou a coragem
Do corpo, da alma
Era pra ter sido naquele dia
Mas agora
Foi-se o tempo

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Distorção

Eu?
Eu sou aquela que brinca de desenhar palavras para encontrar os paradoxos imperfeitos.

Perfeitos nos defeitos
     Feitos de qualquer jeito
          Do jeito do que é desfeito

Que desfaz os trejeitos
Que relaxa os conceitos
Que exala os sujeitos
Que afrouxa os eixos
Que desliga os efeitos

Virados em receios

Feito faca sem queijo
Feito gosto sem beijo
Feito conhecimento em leigo
Feito corpo desfeito
Feito lua sem desejo

Sou isso tudo
    Ou tudo ao contrário
       Ou o contrário de tudo
         Sou o paradoxo imperfeito
             Ou perfeito, nos defeitos

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Recados noturnos

As palavras saltitavam por entre as memórias
Vinham em correntes, fechavam os olhos
Mostravam os caminhos da alma na escuridão
Sufocavam os pensamentos, afogavam os movimentos

Sobre um leito macio o corpo sofria
Eram moléculas de sangue apoiadas em exclamações
Forcas espalhadas nas horas submersas da lua
Silêncio entre vozes da mente ambulante

Leituras confusas feito as cores cinzas
Riscadas em páginas cobertas de ares sem som
Buscavam a forma completa do espírito
A calma dos montes repletos de astros

Palavras jorravam ávidas por guerra
Afoitas e cegas, carentes e ricas
Rabiscavam vidraças abertas
Choravam a morte vivida da lucidez

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Temos que tirar o melhor do pior.
Há recomeço após o fim...
Amém!

Rosnados

Latidos estridentes
Fizeram meu sono refém
E a fatídica memória
Vazia de carneiros
Repleta de ensejos
Culminou em madrugadas vivas
E os passos descompassados
Da imaginação no fim da rua
Deixaram clara uma noite
Libertaram as palavras
Da mente que vivia
Entre letras e vírgulas
Como curvas retilíneas
Como cães insones
Como a lua em fim de dia
Era alta a hora nova
E o recado era pobre
Veio feito fevereiro
Curto e quente, rebelde
Não há passado que se mude
Nem há presente que se espere
Nem futuro que se crie.

Pedaço

Entre mortos e feridos
Meu coração capenga ainda canta
A voz é fina e vem em sussurros
Mas ainda brilha
Feito a luz no fim do túnel.

Peça musical de corpos amantes

...

E a solidão virou companhia
Nos invernos cruéis
Dos mundos escuros por onde passaram
E o frio acontecia o ano todo
Quando o coração virou refém
E vítima do próprio corpo
E do outro corpo
Chegou o momento de abrir as cortinas
Cantar os contos da alma
Pedir mais um momento
Pra acalmar as mãos já cansadas
De pedir que a pele alcance a outra
Antes que o navio parta
E fica a dúvida infiel
Que os desejos se contentem com o passado
Que as nuvens passem
Que o porto esteja perto
Que a felicidade visite ambos
E que a paz apague o desejo
O fogo daqueles suspiros
Daqueles delírios embebidos em cevada
Daquelas loucuras entre quatro paredes
E que rezem pra esquecer
Do corpo
Do beijo
Do cheiro
Da voz
Da canção
Da boca
Da língua louca
Da língua quente
Das mãos quentes
Das mãos ardentes
Ao lado, sabe-se lá de quem...

NA: Este é apenas um fragmento desta poesia, que conta uma história de paixão e sexo, de saudade e promessas, de encontro e despedida...

Vento noturno


A porta bate
É o vento atormentado que chega
Não sabe pra onde ir
Então se deita no chão da minha casa

Percorre devagar todos os cômodos
Antes que eu tente me entregar aos sonhos
Rejeita meus pedidos de silêncio
E acende meu desejo de palavras

O vento. Ah! O vento
Ele traz a verdade empalhada
Como animal pra pendurar na parede
E se a gente olha, logo percebe a crueldade

O vento canta com as janelas
Que escuras e cobertas
Gritam pela luz do amanhã
Feito minha alma despojada, desolada

Não me venhas óh vento
Murmurar em meus ouvidos os martírios
Amarguras da confiança retalhada
Peço-te apenas, leve consigo a desilusão

Não pies feito lobo que és
Gostavas mais quando miavas boas mentiras
Era fácil ser sentida na insesatez
E eu gostava mesmo era do som daquela música

Não toques mais os rascunhos do passado
Aqueles momentos foram guardados onde tu
Vento solitário, não pode jamais chegar
Nesse meu coração decepado, há um lugar marmorizado

Porta que bate sem parar
Tira-me o sono porque venta
Mas o ar enfurecido que aqui chega
Agora só me vence pelo inesquecível.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Porção de nós

Restos
         [de nada]
Pedaços de horas
Sobras
        [de tudo]
Partes de passos



Escrevemos cartazes
                 [de vontades]
Em paredes brancas
Fomos ferozes
Enviamos sonhos
                 [ao futuro]


Lívida escuridão
                [verde]
Acode alguns dias
Imensidão que salva
                [completa]
A vazia miragem



Ensejos remavam
                   [para]
Mergulhos em colos
Cheios de sol
                  [envoltas em]
Voltas do ritmo


Distância infausta
Aportou numa aura
                  [mergulhou]
Com trôpego fôlego
Asfixia a luz
                  [saudade]


Na ânsia do ar
Ainda há um ponto
Talvez seja o sol
Talvez seja o brio


PS: Há um pouco de vida na morte, um resquício que toca. Há um pouco de ressurreição na realidade...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Inerte

O céu inerte
O braço inerte
O cérebro inerte
O coração, inerte

Não inerte como a terra 
               (como a terra, apenas afável)
Mas inerte como o som 
               (som das batidas iguais)

Sendo inerte como o som
Que anda igual
Sofre diferente e
Vive sem viver
Vai vivendo sem mexer
Sendo azul de inverno
Pensando sem ousar
E sentindo sem tocar

Talvez toque, nos devaneios hilários
Ou nos sonhos 
              (agostos do próximo ano)
Mas não toca a verdade
Da realidade pensada
Que vem com as manhãs
Que acolhe desejos
E naufraga ao meio-dia

Não toca as cores
Daquelas flores da janela
Apenas vê, ouve os detalhes
Quando imagina a textura

Inerte
Tão inerte que não vislumbra
Apenas vive 
              (sem viver)
O novo dia.

Rosas

As unhas eram rosas
Rosas sem cheiro de rosas
Rosas com desejos de rosas
Rosas intrépidas rosas
Ousadas rosas nas mãos
Acalentam como rosas
Rosas com miragens rosas
Feito rosas fulgazes
Rosas que acariciam
Peles rosas de inocência
Ou as rosas do suor
Sendo rosas na cor
Sendo rosas do amor
Ou rosas na flor
Ser rosa
Ter rosa
Ver rosa
Só interfere numa rosa
A rosa, aquela
Que tu vês agora, rosa.

Ele vai

Quando ele sai, sinto medo
Não importa quanto tempo
Nem para onde ele vá
Quando ele sai, sinto medo

Quando ele sai, fico só
Não que me falte companhia
Na verdade o que falta é a alma
Quando ele sai, fico só

Ele sai, geralmente aos domingos
Quando chove, tudo é escuro
Quando faz sol, tudo é escuro

Ele volta, geralmente aos domingos
Quando faz sol, tudo é luz
Quando chove, tudo é luz

As vezes ele sai e sinto medo
Quando ele volta sinto paz
Então imploro que fique
Mas ele vai, sem dó
Depois ele volta, com a paz em um embrulho...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amizade

Amigo é coisa pra se guardar, no lado esquerdo do peito...
A música de Milton Nascimento retrata uma grande verdade. Durante muito tempo eu achei que não era capaz de encontrar esse tipo de amigo. Amigo pra guardar, cuidar, abraçar.
Me considerava uma frustrada no campo das amizades. Por isso, vivia procurando em mim as razões de ser "largada". Procurava defeitos. Ficava triste quando encontrava algum que poderia ser a causa desse problema de relacionamento.
Hoje, tenho amizades verdadeiras, dessas de guardar no lado esquerdo do peito. Dessas que a gente pode contar pra chorar as mágoas, as dores, as cores erradas em determinados momentos da nossa vida.
Não foi fácil encontrar essas amizades, e nem são assim tantas. Mas são únicas. E a cada dia encontro uma nova amizade. O tempo acaba dizendo quem fica e quem vai embora. Aprendi que grandes amizades, essas existem e ficam, sempre. Nos protegem, nos invocam a sermos melhores. Nos desafiam a compreender o próximo, a ouvir confidências e problemas, erros, defeitos, saudades e opiniões.
Hoje, percebo claramente que eu não tinha nenhum problema, só precisava ter paciência, uma virtude que nunca me foi dada, tive que conquistar. Quando eu estava cansada de esperar, conquistei minhas amizades, minhas pessoas fundamentais, pessoas que não são da minha família. Porque familiares, esses tem obrigações de sangue conosco, e sabemos que podemos recorrer a eles em qualquer situação. Claro, falo aqui dos familiares leais. Aqueles que entendem o significado e a importância da família em suas vidas.
Mas então, voltando ao campo das amizades. Hoje eu posso afirmar com toda certeza, que tenho amizades fundamentais, e sem as quais não sei como poderia viver.
Não pensem vocês que vou citar nomes, creio que não haja essa necessidade, pois meus amigos, os de fé, irmãos, camaradas, esses sabem que é deles que falo.
O que me traz aqui é a vontade de compartilhar essa alegria da amizade, que às vezes é dor, outras união. Temos que acreditar que existem ainda pessoas fiéis, leais a nós, a nossa vida. Fiéis as virtudes dos seres humanos, como carinho, afeição, dedicação...
Por hoje é só. Deixo aqui o meu desejo sincero para cada visitante do meu blog, para que seja tão feliz quanto eu em relacionamentos assim, de amizades sinceras...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Magia

Entre sonhos acordada
Ouvi estrelas lamuriantes
Diziam que as revoltas eram vida
Que os ares eram flores
Que as águas eram secas
E os lábios faíscantes

Entre horas da nevasca
Ouvi friagens refrescantes
Diziam que os nervos eram lares
Que as árvores eram negras
Que os mares eram terra
E os dedos arrogantes

Ouvi estrelas
Ouvi friagens
Ouvi agonias
Ouvi belezas

Tudo na noite
Tudo no dia
Ou só num floco
Da magia...

Temor

Senti teus gritos
Nos teus olhos o desalento
Senti teus anseios
Nos teus olhos o abatimento

Ouvi tuas angústias
Vivi tuas renúncias
Abracei teus tormentos
Encarnei teus momentos

Senti teus brados
Nos teus olhos o infinito
Senti teus recados
Nos teus olhos o ilícito

Ouvi tuas intrigas
Vivi tuas fadigas
Abracei teus sustentos
Encarnei teus eventos

Foi tudo num instante
As dores em sabores
As delícias em horrores
Agora está distante.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Gotas, pingos

nas gotas de orvalho
nos pingos de chuva
esboços de luz
reflexos em matizes

nas gotas de orvalho
nos pingos de chuva
espelhos inversos
imagens fulgazes

nas gotas de orvalho
a beleza do som
da viagem, da queda

nos pingos de chuva
os tropeços do sol
do ontem, do fim

Inspire-se

Talvez eu nunca tenha contado a vocês, mas adoro seriados. Dia desses, assistindo Greys Anatomy, cujo tema do episódio era o medo, um dos personagens, médico neurologista, ouviu de seu paciente: "Quando você sentir medo, inspire-se". O paciente estava com um sério problema de saúde, e só uma cirurgia poderia salvá-lo, mas esta era de alto risco, e talvez se ele sobrevivesse, pudesse perder os movimentos das pernas.
O médico, diante daquela situação, depois de muito pensar acabou aceitando o desafio e fez a cirurgia. Num dos momentos cruciais da operação, ele fez a escolha certa e salvou a vida de seu paciente, o deixando inteiro, com todos os movimentos. Ele inspirou-se diante do medo.
Mas não são apenas os médicos que inspiram-se diante do medo. Qualquer um de nós é capaz. Eu sinto medo, e não gosto de falar sobre isso. Confesso que nunca fui a pessoa mais segura no trabalho, nem me senti a melhor filha, a melhor irmã.
Hoje eu sei que não preciso ser a melhor em tudo, apenas naquilo que me dispus a fazer. Continuo sentindo medo. Mas estou tentando aprender com isso. O medo me apavora às vezes e acabo errando. E ainda não me acostumei a me perdoar. Demora um pouco.
Mas aos poucos estou aprendendo que todos erramos e precisamos conviver com isso. Todos temos defeitos, e isso não vai mudar, pode apenas melhorar.
Diante do medo, quero me inspirar. Quando penso que tudo está perdido, imagino o orgulho da minha mãe quando fala das minhas qualidades. Lembro do meu marido dizendo o quanto me ama.
Isso é alimento pra alma. E o corpo acaba sendo vencido. O medo acaba vencido. Fica ali, quieto, esperando uma próxima chance pra agir. E eu fico tentando deixá-lo preso. Mas se não conseguir, não tem problema...
...o medo pode ser inspirador.

Copo d'água

Era pra ser só mais uma noite de sono no meio da semana. Daquelas em que você vai se deitar pensando nos afazeres do outro dia. E tudo ia bem, até que um copo d'água deixou a noite mais "movimentada". Sofro de insônia, então a maioria das minhas noites é de sono leve, olhadas na janela, internet, televisão... Dessa vez, com o copo na mão e a habitual olhada na janela, acabei travando. Minhas pernas tremeram tanto que mal consegui me mexer. Mas isso durou apenas alguns segundos. Liguei pra PM assim que me dei conta que era o nosso carro (meu e de meu marido), que corria perigo. Ao lado dele, um cara, roupa preta, capacete. Olhava e apalpava o carro. Chegava perto do vidro. O observei por alguns minutos e acabamos por pedir ajuda aos vizinhos. Por fim, o cara fugiu sem deixar rastros. E eu me sentindo a pior pessoa do mundo por ter acordado a galera.
O pior disso tudo é saber que daqui a alguns dias, o cara pode voltar. Ou que ele está solto por aí roubando outros carros, analisando outras vítimas. E então me pergunto, que mundo é esse em que vivemos? Segurança não é algo simples. Dia desses um vizinho teve problemas no apartamento dele, tentaram arrombar a porta, me parece. É triste sairmos à noite e ficarmos tentando nos divertir mas pensando no carro que ficou na rua, na casa que está sozinha.
O que me tranquiliza, um pouco, é saber que ainda não sou mãe. Não tenho filhos saindo à noite, nem amigos que o fazem com frequência. Se eu tivesse, acho que sofreria muito mais com essa insônia, que me faz estar aqui agora contando isso pra vocês.
Moro numa cidade relativamente tranquila, é o que dizem. Mas cada vez mais vejo essa tranquilidade ir embora. Como foi para mim esta noite. Penso que lá fora há tanta maldade, que o melhor seria me trancar em casa só com as pessoas que gosto. Acontece que a vida não para. Temos que trabalhar, pagar contas, comer, dormir...
Eu bem que queria dormir. Mas dessa vez vai ser difícil...
Só me resta agradecer aos que nos deram essa força noturna, mesmo tendo, provavelmente, que acordar cedo, ouvir chefes, honrar compromissos.
Agora tenho medo de olhar pela janela, e acho que vou levar uma garrafa de água pro quarto... assim não sairei mais da cama... e não sentirei o mundo sair de baixo dos meus pés... 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Delírio

pelos dedos se esvaem
as últimas gotas
das latentes saudades
que na eternidade ficarão

se a vida leva-te
não ouses acreditar
que a distância ficará
ela é infiel a ti

nada mais haverá
entre nossas mãos
mas para o futuro
tu me carregarás

e se te forço
a sumir nessa noite
será apenas nessa
em outra me terás

terça-feira, 15 de junho de 2010

Tu

Tu vives no infinito
E nem se atreves a fugir
Encaras a loucura da alma
Entregas tua vida ao delito

Tu moras no incandescente
Relaxas ao riso escondido
Aqueces o corpo sem vestes
Reages a doce nascente

Tu vives em castigo
Procuras em cores a saída
Mas não ousas tocá-la
Encolhe-se no abrigo

Tu moras nas vozes
Realças em notas literais
Fuligens de sombras
Entrelaça-se em algozes

Tu vives em falsa harmonia
Tu moras em louca agonia
Atinges o peito intrépido
Inalas o futuro incerto.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Metade em retrato

A noite calou-se
O sono não veio
Ficaram memórias
Vieram desejos
Ouviram-se sirenes
Calaram-se ousadias
Sonetos incompletos
Agonizaram levianos
Rabiscos ultrapassaram
Muros de algodão
Cintilantes tormentos
Adoçaram o passado
Algozes remontes
Altos cabedais
Fontes ligadas
Tempo incompleto
Irritadiça vontade
Da tarde leve
Dos olhos medidos
Centímetros ilícitos
Regados prazeres
Largados em horas
Foram vividos
Esquecidos, jamais.
Mas a noite, calou-se.

domingo, 6 de junho de 2010

Crime


Mafioso é teu corpo
Que me tinge de rubro
Que até no escuro
Afoga meus prazeres
Atormenta-me os saberes
E me perco nas horas

Mafioso és tu em miragem
Que relaxa meu fogo
Que de avesso me tomas
Ridiculariza meus sentidos
Joga-me em abismos
E nem vejo os detalhes

Mafiosos são teus lábios
Que me roubam a saliva
Que levam o gosto
Das lembranças ferozes
De coisas atrozes
E arrisco a vida

[Máfia de olhares
Tu tens sobre mim
E me tens sobre ti
Num breve piscar]

Plantas no céu


Da janela quadrada
Se mostra uma horta
Avisto sinais
Assovio no escuro

                          [acontece o triunfo]

Rituais futurísticos
Invoco em luzes
Reluzem os focos
Em negra viagem

                          [passeio no sideral]

Naves que tocam
Ares afogados
Nuvens invisíveis
Desmontam olhares

                         [nascimento da alma]

Libélulas celestes
Invocam sabores
De fogos uivantes
No peito que dorme

                        [vida que chega]

Plantação de estrelas
Regadas com vozes
Arfantes brilhos
Em noite pulsante.

Dói

Te querer dói.
Sentir saudade dói.
Dói estar longe.
Dói estar perto.
O que acontece afinal?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Soneto de um coração cansado


Quem dera poder silenciar meus pensamentos
Transportar aos horizontes dessas nuvens sombrias
As belas tardes de sol dos idos tempos de sorrisos
Perder os detalhes do seu semblante apaixonado

Poderia eu tentar inverter os pretéritos momentos
Talvez então as horas exaustas de vozes insones
Fariam a viagem entre uma vida e outra velozmente
Derramando pelo caminho aqueles âmagos desejos

E assim, calmamente deixaríamos de ser
Focos perdidos por entre os dedos quentes
Sem as frases caladas das miragens

Os caminhos tornar-se-iam apenas estradas
E no negro da noite veríamos somente estrelas
Pois o amor estaria desvencilhado de nós

domingo, 16 de maio de 2010

Sede

A água cai no quintal
Umedece os prazeres [de domingo]
O avesso impensado
Penso em presente

Perdi em espaço febril
Há deserto aqui [e longe]
Fostes ao léu
Vestido com minha pele

Razão em areia reversa
O sol infestado [ou calmante]
Comunga entre versos
Promessas afoitas

Atmosféricas fontes
Uma brisa faiscante [acelera e]
Entrega os dizeres
Das verdades de abril

Escorrem paredes
Em gotas vis [de escolhas]
Saudade que afaga
A aridez molhada

Estalos

A chuva que bate
Na janela do espírito
Alerta os delírios
Da noite invisível

Vultos vieram
Sombras passaram
Sentidos chegaram
Sombrias escadas

Ouvi os afagos
Dos nortes pensados
A descida do corpo
E os anjos no alto

Curvam-se as luzes
O som vem em ecos
Vento que leva
Murmúrios afogados

Pedido em uma noite qualquer

Quero te ver
Agora
Agora?

Espero um sinal
                    [dos teus olhos]
Encontro um farol
                    [com nossos sonhos]

Preciso te ter
Ontem
Ontem?

Arrisco um sorriso
                    [em lábios perdidos]
Insisto no abismo
                    [das tuas mãos]

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Leio


Tenho prazer em te ler.

Te leio em lábios de sol
Nas essências de nuvens

Leio-te em névoas frias
Nas noites tontas

Te leio em partes de dias
Nas frases soltas da lua

Leio-te em quereres dispersos
Nas vagas fontes ocultas

Tuas palavras estão em oásis
Nas barcas em becos
Em raízes de veias

Tuas letras estão em prazeres
Nos paradoxos incompletos
Das vitrines impostas

Te leio aqui em pele e pêlos
Em versos de sons
Em cores negras

Leio-te enfim pelo mundo
Em ruas de nada
Em cercas mortas

Tenho prazer em te ler
Nas nuances ou nos olhos baixos
Nas curvas ou nas longas retas
És como um universo de poemas
Estás aqui, íntimo assim.
Te lendo, leio a mim.

Tormento

Teus atos me tocam.
Cada ato. Um toque.
Toque de seda em abraços
Toque de mártir em aspereza.
Louco infinito de vozes
Dizeres insones de enganos
Toda tua luz são raios
Destino torpe inconformado
Infames sentimentos
Inquietos desejos
De sono, de morte, de vida
De voracidade, identidade
Tu tocas meu espírito
Atormentas meu corpo
E cobre-me de sonhos.