sexta-feira, 31 de maio de 2013

O giro e a não-morte

Eu quase morri
Vi tudo girar
Meus dias
Meu passado
Minhas vozes
Meus temores
Meus segredos
Tudo girou
Num segundo
Num minuto

Girou

E nem sei mais
Organizar a bagunça

Girou

Numa noite cinza
E eu quase morri

E a vida
Tão bonita
E cruel
Mostrou-me
Há quem acaricie
Há quem ignore

E a vida
Segue

Eu quase morri
Mas estou viva
Ainda
Mas algo morreu
Quando não houve
Um afago
Essencial

No coração

terça-feira, 7 de maio de 2013

Re (fazer) (criar)


Refazendo-me
Depois das noites insones
De versos sem rimas e cores cruas
Nuas estavam todas as flores
Insones repetições batiam-me
No peito tão receoso de sonhos

Refaço-me
Mesmo com o frio que insinua
Rasgar-me quando se fizer verdade
Entre traços de segredos rendidos
Lamentando-se pelos prazeres
Aflitos em seus calados sussurros

Recriando-me
Desde o amanhecer gritante
Com a fome de corações vazios
Delirando pelas ruas infinitas
Pelos apelos dos trejeitos
Daquelas mentiras enclausuradas

Recrio-me
Quando ouço a melanina
Que pálida me cega os medos
Sendo métrica de novos poemas
Da poeta que abriu a porta
Trancada para outro fim

domingo, 5 de maio de 2013

Aquele tempo


Houve um tempo
Em que o tempo
Nem passava
E nossos olhos
Paravam
Sobre a pele
Um do outro
Houve
Aquele tempo
Aqueles sussurros
O afeto sereno
Os sorrisosHouve um tempo
Em que o tempo
Nem passava
E nossos olhos
Paravam
Sobre a pele
Um do outro

Houve
Aquele tempo
Aqueles sussurros
O afeto sereno
Os sorrisos
Que falavam
Sobre o tempo
Futuro
E o presente
Tão cheio
De nossos planos

Houve
Um tempo
Que não passava
Que não queria
Passar
Para outro tempo
Esse de hoje
Tão diferente
E longo
Vazio
De um futuro
Juntos

De tempo
Precisamos
Para um fim
Melhor
Pra nós


Que falavam
Sobre o tempo
Futuro
E o presente
Tão cheio
De nossos planos
Houve
Um tempo
Que não passava
Que não queria
Passar
Para outro tempo
Esse de hoje
Tão diferente
E longo
Vazio
De um futuro
Juntos