quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sobre a confiança



Lá se foram cinco anos pelo ralo (poderiam ser 10, 20, alguns meses). Confiança é algo que não nasce do dia pra noite. Para tê-la, é preciso cativar, é preciso ser de verdade e por inteiro. Confiança se conquista com pequenas atitudes, aliadas a um bom caráter, ao respeito, ao carinho, ao bem querer. E sim, o verbo é esse mesmo, conquistar. Ninguém dá confiança, as pessoas compartilham, partilham, retribuem. Dão um pouco de si porque sentem que também estão recebendo algo que lhes é importante.
Qualquer relação é uma via de mão dupla. E a confiança faz parte disso. É ela que nos conforta a sermos quem somos nos piores momentos, e nos mostrarmos por inteiro quando o que mais gostaríamos de fazer é nos escondermos do mundo. Por isso, quando uma das partes quebra essa rede de atenção, de preocupação com o outro, aquele que lhe permitiu fazer parte de sua vida, é como se uma bomba abrisse um rombo em sua autoestima. Afinal, todos estamos preparados para sermos enganados por aqueles que nada significam. Mas ter esse sentimento tão raro, mas tão humano e importante, como a confiança, quebrado por alguém que sabe tudo de nós, é doloroso demais. Ouso dizer, que é pior que traição, pior que má intenção. Quem quebra confiança não tem o direito de pensar que um pedido de desculpas vai restaurar tudo que levou muito tempo para ser construído. Não é como quebrar uma vidraça e trocar por outra. Confiança quebrada precisa ser restaurada, pedaço a pedaço, e isso demanda mais do que tempo, é preciso coragem, dedicação e muita paciência.
A pessoa que perde a confiança tende a se sentir enganada. Desconfia do outro mesmo quando não há razões para tal. Perde a paciência com frequência. Tem o amor próprio ferido e precisa ainda mais do que antes, de atenção e paciência. Confiança é coisa muito séria. Confiança dá tranquilidade. Desconfiança causa irritabilidade. 
Humanos erram. Isso é regra e é absolutamente aceitável. E o erro pode causar esse dano, que a princípio parece irreparável, mas não é. Geralmente, porque quem quebra a confiança de alguém, só a teve porque a outra parte envolvida o quer muito bem, o considera especial e preza por sua companhia e cumplicidade. Por isso, é reparável. Pode demorar, mas não é impossível. É reparável, pois a confiança não é sentimento que vive na solidão. Precisa de companhia. É parceiro da amizade, alma gêmea do amor. E onde há amor, há sempre perdão, há sempre conserto. 
Quem quebra a confiança de alguém e quer o perdão verdadeiro, sabe que precisa lutar por ele sem amarras, sem orgulho. De cabeça erguida, aberta. Com o coração limpo, justo e sincero. Confiança exige amor. Amor pede por confiança (e refiro-me aqui a qualquer tipo de amor). E no fim das contas, a exigência se torna prazer. Afinal, quem é que não gosta de ter alguém, seja perto ou longe, seja presente ou invisível, que lhe dê o conforto da paz que só a confiança permite? 
Quem, nesse mundo tão abarrotado de maldades, não gosta de ter alguém que lhe deixe ser você mesmo, que lhe instigue a ser melhor, que lhe cobre a felicidade, que lhe ouça sem julgamentos, que lhe sorria nos piores momentos?
Confiança é coisa séria. Desperdiçar isso é desperdiçar vitórias. É deixar escoar pelo cano uma conquista sincera e totalmente sua.




sexta-feira, 25 de maio de 2012

Para nós, mulheres


Caras colegas do chamado sexo frágil (uma grande mentira, aliás), qual é o seu problema? Quando é que vamos aprender - e tenho motivos para me incluir nessa - que não precisamos de homens para sermos completas? Nós, mulheres, podemos e precisamos nos bastar. Digo isso no sentido de estima, de autoestima, de estimar nosso corpo, nossa mente, nosso coração. De cuidarmos da alma. Podemos estudar, podemos trabalhar, podemos amar sem que isso seja a única coisa que faça sentido em nossas vidas. Podemos ser corajosas, e temos que ser nesse mundo onde cada dia é uma batalha. 
Essa conversa mole de não podermos viver sem companhia só nos torna mais fracas, fracassadas, um fracasso. E não para os outros, mas para nós mesmas. E que vida se pode ter quando não nos percebemos capazes de viver? Viver, no sentindo pleno, só ou acompanhada, só acontece quando sabemos o nosso valor, quando ouvimos nosso coração racionalmente, sem melodramas. A vida não é nem nunca foi uma história de novela por mais que muitas vezes tenhamos pensado que fosse, tenhamos desejado que fosse. E a vida real é tão mais interessante.
Mulheres. A nossa força não está naquele cara lindo que encontramos numa festa e não sai do nosso pensamento. A nossa força está na batalha do dia a dia, em fazer o que se gosta, seja o que for. Em ler bons livros, ouvir a música que nos anima. O homem é um complemento, não o centro de tudo. E se o cara da balada valer a pena, ele com certeza vai mostrar isso fazendo por merecer a sua confiança e todo seu sentimento. 
Mulheres, por favor. Parem de se humilhar como se isso fizesse parte do amor. Parem de aceitar ofensas como se merecessem. Não ousem chorar por homem a menos que seja por uma causa justa. Ou porque o homem em questão é seu pai, seu irmão, ou seu filho. Ser magoada dói, claro que dói. E muitas vezes pensamos que nada no mundo será capaz de curar a ferida, de fazer parar a dor latejante que insiste em nos sufocar o peito. Mas acredite, passa. E o tempo acaba te mostrando que toda aquela dor não apenas te tornou mais forte, mas te mostrou que aquele homem, aquele mesmo, pelo qual você faria loucuras, não merecia as suas loucuras, nem seu tempo, nem seu amor. E quem perdeu, com certeza, foi ele, porque nós, mulheres, quando amamos, somos inteiras. 
E eu sei. Você sabe. Podemos ser melhores, podemos ser mais e sabemos que qualquer homem precisa admirar uma mulher para poder amá-la. Nós também precisamos admirar. Apesar de que nos enganamos com facilidade quando estamos apaixonadas, mas isso é outra história, porque no final das contas, se for um sapo, ele acaba mostrando a cara e a realidade nos atropela. 
Esse negócio de não tirar o olho do celular e quando ele tocar rezar pra ser o cara. Por favor. Ele é quem precisa agradecer se ligarmos. Ao invés disso, que tal fazer um curso novo, se atualizar, procurar um emprego que te faça mais feliz? Volto àquela questão da admiração. Afinal, quando algo nos enche os olhos, nos faz bem, queremos mais. Queremos estar perto daquilo ou daquela pessoa que nos causa espanto, que nos causa surpresa e nos faz sentir que podemos ser melhores. 
Amor de verdade, com certeza, é aquele que nos faz melhores. Amor de verdade não anula, não prende, não sufoca. Amor de verdade não se implora, não se exige, muito menos se agradece. Amor de verdade simplesmente acontece. Pra quem realmente merece. Portanto, faça por merecer. Comece amando quem você vê no espelho.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Não tem que ser assim


Outro dia me perguntaram por quê a vida tem que ser assim. Mas, assim como? Assim indefinida. Assim cruel. Assim louca. Assim, cheia de desafios. Realmente, não sei porquê a vida tem que ser assim. Mas eu acho que falta muita vida na vida das pessoas. É muito fácil notar isso. Se olharmos pro lado a chance de encontrar uma vida sem vida é bem grande. As pessoas apenas rotinam. Sim! Rotinam. Casa, trabalho, faculdade. Ou qualquer outra atividade diária. E estão tão preocupadas em cumprir suas tarefas, em pagar a conta de luz, entregar um relatório... É compreensível já que o mundo parece ser uma competição. Quem trabalha mais, quem estuda mais, quem ganha mais. É como se o que valesse fosse, apenas, vencer batalhas. Provavelmente é preciso ser assim mesmo, um vencedor de batalhas. Mas as batalhas erradas estão sendo disputadas. Cada vez mais as pessoas se preocupam em vencer a batalha da amizade, por exemplo. Relações afetivas e de confiança estão se tornando escassas. As pessoas estão deixando de confiar, de acreditar. Aproximam-se umas das outras por interesse. Desrespeitam os sentimentos que lhes são devotados. Rompem com a afinidade que podem ter. Esquecem que o outro também é humano. Julgam. Sacrificam. E seguem em frente como se nada houvesse acontecido. É como usar uma roupa e um dia enjoar dela.


Por que tem que ser assim?


Não tem que ser assim. Não é preciso descartar amizades, nem amores, nem saudades. Não é preciso escravizar seus anseios. Nem retardar seus desejos. Precisamos ter coragem pra viver. Viver no sentido mais amplo da palavra. Lutar pelo que se quer e deixar de ser dominado pelo medo. É preciso transformar o medo em combustível e se jogar na vida. Se jogue, arrisque, lute. 
Assim, falando, lendo, parece fácil. Realmente não é fácil. É difícil, e por isso exige muita vontade, muita dedicação, muito foco. A vida não tem que ser apenas prazos, datas, passado que assusta quando nos joga na cara que nada fizemos por nosso coração. A vida é coração. Ignorar que precisamos preenchê-lo é ignorar quem somos. Ignorar o próximo e suas humanidades, tão humanas quanto as nossas, é apenas uma maneira de fingir que os sentimentos não existem. É fugir da vida. 


Realmente, não precisa ser assim.


Quando deixamos alguém que amamos pra trás por medo de tocá-la, ou por nos acharmos incapazes, estamos nos condenando ao fracasso. Amor, amizade. Seja lá o que for. Quando é real, luta. Nos obriga a arriscar. Invade nossos sentidos e nos força a viver. Quem foge disso, pode estar fugindo de algo que lhe dará muitas alegrias.
Por isso, a resposta é: não tem que ser assim. As suas escolhas definem quem você é. Ninguém é vítima da vida. A sua vida é você quem faz. E por mais que os erros aconteçam, os acertos também acontecem. Só vai saber, quem viver.