quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Inerte

O céu inerte
O braço inerte
O cérebro inerte
O coração, inerte

Não inerte como a terra 
               (como a terra, apenas afável)
Mas inerte como o som 
               (som das batidas iguais)

Sendo inerte como o som
Que anda igual
Sofre diferente e
Vive sem viver
Vai vivendo sem mexer
Sendo azul de inverno
Pensando sem ousar
E sentindo sem tocar

Talvez toque, nos devaneios hilários
Ou nos sonhos 
              (agostos do próximo ano)
Mas não toca a verdade
Da realidade pensada
Que vem com as manhãs
Que acolhe desejos
E naufraga ao meio-dia

Não toca as cores
Daquelas flores da janela
Apenas vê, ouve os detalhes
Quando imagina a textura

Inerte
Tão inerte que não vislumbra
Apenas vive 
              (sem viver)
O novo dia.

Nenhum comentário: