sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passeio

No alto
Do alto
Dava pra ver a escuridão
Dos vidros
Dos ruídos

De olhos fechados
Sem cortinas ou fatos
Só a respiração
Ofegante
Discrepante

De mãos vazias
Tão cheias
De pele
De alma
Com saudade

Pensamentos insanos
Humanos
Vivos de gosto
De fúria
Rabiscados de paz

O vidro molhado
De tempo
Incerto
Tão único
Tão tenso

Reflexos vorazes
De sonhos
Neurose ferida
Que sorte
Eram dois [em um]


terça-feira, 24 de maio de 2011

Encaminhando felicidade

Eu vivo querendo ser feliz. E quem não quer? O problema é que como a maioria dos humanos empobrecidos de expectativas, estou sempre focando mais no que perdi do que no que conquistei. Aí então, estava eu aqui poetando com meu teclado e, de repente, veio aquela super percepção. Eu sou feliz! Sou feliz, com falhas, mas sou feliz. Posso não ter algumas coisas, nem a presença de algumas pessoas que me fugiram com o tempo. Mas eu tenho muitas outras alegrias. Conquistei tantas coisas sozinha, lutei, corri atrás. Eu fui muito capaz. Aliás, ser capaz é algo que incomoda muita gente. Talvez isso contribua para que, cada vez mais, nos vejamos como inferiores. Fala sério né! Esse negócio de ser inferior só existe para que tem a alma pobre. Somos todos superiores. Sou superior quando eu abraço meus amigos, quando eu esqueço os imprevistos e quando deixo a irritação no minuto que passou. Inferioridade só existe na cabeça dos inferiores.
Mas voltando àquela conversa de felicidade. Aquela santa felicidade que vivemos buscando. Quando foi que você parou pra pensar no que já conquistou? Fica difícil encontrar felicidade quanto focamos só no que não temos, no que perdemos e no que ficou pra trás. Outro dia estava chorando. Ah! Eu choro muito. E é provável que amanhã eu chore de novo pelo que me afetou ontem. A vida é isso. Essa inconstância de sabores. Num dia tudo é amargo, no outro a gente sorri doçura. O fato é que não importa qual o sabor que te sirvam, importa o sabor que você sente. Por isso tem gente que gosta de doce e outros de salada. Não podemos esperar que nossa vida seja um mar de felicidade se só conseguirmos enxergar o deserto dos nossos erros.
O jeito é se domar. Todo dia é uma luta, com certeza. Mas se domar mesmo, se for com vontade, fica fácil e logo ser feliz vira rotina. Não absorver o mau humor alheio fica automático e perdoar os pobres de espírito pelas suas mal ditas palavras vira felicidade...
Hoje estou tranquila. Amanhã não sei. Mas eu sei que vou sempre tentar, um dia de cada vez, olhar a vida pelos olhos coloridos... preto e branco não combina comigo!

Conversa fragmentada

Era tão pulsante o coração
- Quero beber e dançar com você!
Um sonho tão lindo quanto a brisa
Daquele fim de tarde de outono

Era tão frágil a despedida
- Você vai e volta em três dias!
Difícil seguir um caminho
Quando todos levam ao mesmo lugar

Era tão triste o desalento
- Posso ser tudo só por um minuto!
Verdade enrustida no tempo
Do passado que viveremos amanhã

Era tão forte a saudade
- Com você o fim não existe!
Possivelmente é a verdade
Ou então nunca houve começo

Não sobrevivi um dia sequer
Sem a imaginação fluindo
Vivendo em capítulos
Tudo aquilo que não existiu

Esperança sempre foi
O maior delírio dos amantes
- Não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Medidas

Queria medir o amor
Entender a quantidade da dor
Depois colocar na balança
E saber o que pesa mais


Queria entender o sentimento
Que exulta num momento
E se despedaça em um segundo
Contar o tempo de todo esse tempo


Queria cancelar o encontro
Da alma irradiante
E da lágrima lancinante
Jogar os pedaços em lados opostos


Queria buscar uma nuvem
Pra mandar viajar o sorriso
E a chuva viria depois
Lágrimas seriam só água


Tentei escapar dos receios
Em vão foram todos os meus desejos
Poderia até ter conseguido
Mas então seria só mentira


Quanta ironia eu vejo agora
Entre tantas palavras cuspidas
Sem medo e todo o medo
Com o peito rasgado 


Iludidos são os que resistem
Não há como medir 
A maior dor sempre será
Do maior amor.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sou poesia

Me transformo em poesia quando penso em você
Vejo as luzes da alegria 
Nas lembranças dos lábios
Dos toques insensatos
Me transformo em poesia
Quando lembro da loucura
Dos delírios da magia
Dos olhos sorrindo
Sou poesia febril
E você é a palavra pulsante
Junta-se tudo: é amor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ensinamentos de Sônia

Fui a uma palestra da incrível Sônia Bridi no final de semana. Eu estava evitando tocar nesse assunto outra vez, pois já falei tanto sobre isso que muitos já devem estar me considerando uma chata. Na verdade, falei muito. Mas escrever mesmo, é a primeira vez, com exceção de alguns caracteres no twitter. 
Ela contou muitas histórias, e eu ouvi tudo maravilhada. Os motivos são muitos. Mas devo ressaltar aqueles que mais me impressionaram. Sônia nasceu em uma família simples. Mas ela nasceu com um dom, um dom tão abençoado que a transformou, obviamente com toda a educação que recebeu, numa das maiores jornalistas que o Brasil tem. Ela com certeza é uma catarinense que orgulha a todos nós. Logo no início já foi possível perceber o quanto ela é sensível. Com um coração tão humilde quanto o tamanho de seu talento.
No final de sua explanação sobre suas andanças pelo mundo, especialmente a China, período sobre o qual escreveu um livro o qual nos presenteou no fim da palestra, ela abriu espaço para algumas perguntas. 
Foi então que se emocionou falando sobre o pai e a mãe, que com muito esforço puderam dar aos 8 filhos uma educação digna. Quem diria que a mulher que já rodou tantos quilômetros pelo planeta, seria assim, tão humana. A televisão nem sempre mostra tudo. Nesse caso, foi uma bela surpresa perceber que ela, assim como eu, você que está lendo isso, tem motivos para sorrir, para chorar, para crescer.
Em determinado momento, a questionaram sobre essa vida incrível de viagens, sobre como tornar possível. Afinal, quem de nós nunca pensou em viajar pelo mundo, conhecer culturas diferentes, pessoas diferentes?
Então, ela disse (talvez com outras palavras): "Para conseguir o sucesso no trabalho, é preciso ter sucesso na vida. É preciso ter tempo para ler. Para dar educação aos nossos filhos. Ninguém consegue ser feliz trabalhando, se não é feliz fora do trabalho". Sábia mulher! Sábia jornalista! Mesmo tendo viajado tanto, sua maior lição é objetiva, clara e tão fácil de ser feita. Assim como todas as suas reportagens, que nos enchem de encantamento do início ao fim. Seu amor pelo trabalho é tão grande, que fica fácil perceber o quanto o suporte familiar foi importante para que tudo isso acontecesse.
Quem dera todos nós tivéssemos tamanha grandeza de espírito, tamanha coragem para buscar acima de tudo a nossa felicidade no dia a dia, nos instantes com nossos pais, irmãos, filhos. Trocar o duvidoso pelo certo. Fazer cada dia valer a pena e não nos contentarmos com o pouco, já que podemos ter muito. A verdade é que todos nós podemos. Mesmo sendo imperfeitos. Nós podemos. 
Sônia, a menina do interior que sonhava em ser jornalista. Ela quis tanto, buscou tanto, que chegou lá. 
Quantas vezes nós valorizamos nossos sonhos, ou apenas nossos simples desejos? Quantas vezes fechamos os olhos para o medo e seguimos em frente?
Eu ainda tenho muito a percorrer...
E você?




PS.: Obrigada Sônia. Por dizer o óbvio que às vezes esquecemos. Por mostrar que nada é tão difícil quanto parece, e que ser feliz só depende de nós...

sábado, 7 de maio de 2011

Felicidade desesperada

Preciso desesperadamente de felicidade. Uma felicidade que me descompense, ou compense todas as frustrações, todos os medos e ansiedades de coisas que nunca aconteceram. Das vontades que nunca passaram e dos objetivos que nunca chegaram. Preciso de felicidade incontável, pra me colocar de volta na vida, pra me deixar apenas cicatrizes. Uma felicidade que apague todos os deslizes, todos os erros e inverdades que derrubaram a minha calma. Preciso, muito e imensamente, ser feliz. Rir até chorar. Chorar até gargalhar das minhas inutilidades, incapacidades. Ou de todas as capacidades que nunca fiz acontecer. Preciso da alegria da presença. Da simplicidade de um abraço único, insubstituível. Preciso desesperadamente de felicidade. Pra ser um pouco mais gente, um pouco menos confusão. Pra ser o caminho de alguém, pra ser o alguém no caminho do amor. Preciso, da saudade que se mata rapidinho, da liberdade da alma, daquela noite tão alva, tão grande, tão absurdamente viva. Preciso, desesperadamente, ser feliz... de dentro pra fora. Pra colocar fora toda cor que há dentro de mim.