sexta-feira, 23 de julho de 2010

Copo d'água

Era pra ser só mais uma noite de sono no meio da semana. Daquelas em que você vai se deitar pensando nos afazeres do outro dia. E tudo ia bem, até que um copo d'água deixou a noite mais "movimentada". Sofro de insônia, então a maioria das minhas noites é de sono leve, olhadas na janela, internet, televisão... Dessa vez, com o copo na mão e a habitual olhada na janela, acabei travando. Minhas pernas tremeram tanto que mal consegui me mexer. Mas isso durou apenas alguns segundos. Liguei pra PM assim que me dei conta que era o nosso carro (meu e de meu marido), que corria perigo. Ao lado dele, um cara, roupa preta, capacete. Olhava e apalpava o carro. Chegava perto do vidro. O observei por alguns minutos e acabamos por pedir ajuda aos vizinhos. Por fim, o cara fugiu sem deixar rastros. E eu me sentindo a pior pessoa do mundo por ter acordado a galera.
O pior disso tudo é saber que daqui a alguns dias, o cara pode voltar. Ou que ele está solto por aí roubando outros carros, analisando outras vítimas. E então me pergunto, que mundo é esse em que vivemos? Segurança não é algo simples. Dia desses um vizinho teve problemas no apartamento dele, tentaram arrombar a porta, me parece. É triste sairmos à noite e ficarmos tentando nos divertir mas pensando no carro que ficou na rua, na casa que está sozinha.
O que me tranquiliza, um pouco, é saber que ainda não sou mãe. Não tenho filhos saindo à noite, nem amigos que o fazem com frequência. Se eu tivesse, acho que sofreria muito mais com essa insônia, que me faz estar aqui agora contando isso pra vocês.
Moro numa cidade relativamente tranquila, é o que dizem. Mas cada vez mais vejo essa tranquilidade ir embora. Como foi para mim esta noite. Penso que lá fora há tanta maldade, que o melhor seria me trancar em casa só com as pessoas que gosto. Acontece que a vida não para. Temos que trabalhar, pagar contas, comer, dormir...
Eu bem que queria dormir. Mas dessa vez vai ser difícil...
Só me resta agradecer aos que nos deram essa força noturna, mesmo tendo, provavelmente, que acordar cedo, ouvir chefes, honrar compromissos.
Agora tenho medo de olhar pela janela, e acho que vou levar uma garrafa de água pro quarto... assim não sairei mais da cama... e não sentirei o mundo sair de baixo dos meus pés... 

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