sábado, 23 de janeiro de 2010

Para ti

Tenho realmente antes de qualquer coisa pedir desculpas. Tenho abandonado este espaço com frequência. Algo me incomoda. E não tenho conseguido ser forte o suficiente pra superar e vir aqui todos os dias, como era o plano inicial.
Mas hoje eu vim.
Estou sozinha. Rafael viajou. E aqui, sem planos de nada, sem nada pra fazer, sem ele pra me abraçar, comecei a pensar. 
A falta que ele está me fazendo é muito grande
Sempre pensei que casamentos fossem um grande erro. 
Depois que me casei, esse pensamento muitas vezes esteve comigo e, talvez ainda me acompanhe por vários momentos. Mas a verdade é que estou começando a entender certas coisas. 
Nenhuma relação é 100% perfeita.
Há seis anos Rafael me acompanha. Antes de qualquer coisa ele foi meu amigo. Sempre esteve ao meu lado. Sempre me ouviu, cuidou de mim, e me amou sem pedir nada em troca.
Durante seis anos muitas coisas aconteceram e vivemos bons e maus momentos. Erramos um com o outro. E no fim das contas, um abraço resolvia tudo. Foi assim sempre, desde a primeira discussão, desde o primeiro beijo.
Eu demorei a aceitar que a rotina pode fazer os sentimentos se confundirem, até mesmo mudarem. Muitas vezes não quis entender que casamentos não são como sonhamos. Já brigamos muito. Coisas voaram. Já sonhamos muito também, e até hoje nada nos fez desistir.
Várias outras vezes nos perguntamos se nos amávamos mesmo. Por momentos incontáveis já pensamos em desistir. Choramos juntos. Separados. Brigamos com nossas imagens no espelho. Quem dera terem nos avisado que casamentos são tão complicados.
É muito difícil olhar para seu príncipe e pensar que ele virou um sapo. Culpamos a vida. Culpamos Deus. Quanta bobagem. O problema é que nós achamos que temos o direito de mudar as pessoas, de mudar aquela pessoa que dorme ao nosso lado todas as noites.
E nessa de um tentando mudar o outro, a vida passa. É confuso, eu sei. Mas quando sentimos o abraço, nos aconchegamos um no outro, é tão bom. E o sapo é de novo um príncipe. É por isso que vale a pena.
Vale brigar pelas roupas jogadas pela casa.
Vale reclamar do volume da TV.
Valem todas as picuinhas, problemas, soluções...





quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Guimarães Rosa

Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O amor por uma pessoa deve incluir os corvos de seu telhado.

"De Caio F. Abreu"

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


"Estou convencido das minhas próprias limitações - e esta convicção é minha força."
Mahatma Gandhi

domingo, 3 de janeiro de 2010

Primeiro dia de trabalho de 2010

Amanhã será o primeiro dia de trabalho de 2010. Um novo ano. Mas o lugar ainda é o mesmo. Muitas coisas mudaram, mas várias outras são iguais. E então, muitos me perguntam como é passar tanto tempo no mesmo lugar, vendo as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas. E pra essas pessoas eu respondo. NÃO É IGUAL. Cada dia é vivido de uma maneira. Todos os dias algo novo acontece. Uma nova lição, uma nova palavra. E as pessoas, mesmo sendo as mesmas, realmente, não são as mesmas. Tudo muda. Evolui, cresce. E assim a vida segue.
Amanhã é o primeiro dia de trabalho do novo ano. Mas o novo dia, é sempre único. Vivamos portanto, um dia de cada vez.

Por Clarice Lispector

“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.”

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Receita de Ano Novo




Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.