terça-feira, 15 de junho de 2010

Tu

Tu vives no infinito
E nem se atreves a fugir
Encaras a loucura da alma
Entregas tua vida ao delito

Tu moras no incandescente
Relaxas ao riso escondido
Aqueces o corpo sem vestes
Reages a doce nascente

Tu vives em castigo
Procuras em cores a saída
Mas não ousas tocá-la
Encolhe-se no abrigo

Tu moras nas vozes
Realças em notas literais
Fuligens de sombras
Entrelaça-se em algozes

Tu vives em falsa harmonia
Tu moras em louca agonia
Atinges o peito intrépido
Inalas o futuro incerto.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Metade em retrato

A noite calou-se
O sono não veio
Ficaram memórias
Vieram desejos
Ouviram-se sirenes
Calaram-se ousadias
Sonetos incompletos
Agonizaram levianos
Rabiscos ultrapassaram
Muros de algodão
Cintilantes tormentos
Adoçaram o passado
Algozes remontes
Altos cabedais
Fontes ligadas
Tempo incompleto
Irritadiça vontade
Da tarde leve
Dos olhos medidos
Centímetros ilícitos
Regados prazeres
Largados em horas
Foram vividos
Esquecidos, jamais.
Mas a noite, calou-se.

domingo, 6 de junho de 2010

Crime


Mafioso é teu corpo
Que me tinge de rubro
Que até no escuro
Afoga meus prazeres
Atormenta-me os saberes
E me perco nas horas

Mafioso és tu em miragem
Que relaxa meu fogo
Que de avesso me tomas
Ridiculariza meus sentidos
Joga-me em abismos
E nem vejo os detalhes

Mafiosos são teus lábios
Que me roubam a saliva
Que levam o gosto
Das lembranças ferozes
De coisas atrozes
E arrisco a vida

[Máfia de olhares
Tu tens sobre mim
E me tens sobre ti
Num breve piscar]

Plantas no céu


Da janela quadrada
Se mostra uma horta
Avisto sinais
Assovio no escuro

                          [acontece o triunfo]

Rituais futurísticos
Invoco em luzes
Reluzem os focos
Em negra viagem

                          [passeio no sideral]

Naves que tocam
Ares afogados
Nuvens invisíveis
Desmontam olhares

                         [nascimento da alma]

Libélulas celestes
Invocam sabores
De fogos uivantes
No peito que dorme

                        [vida que chega]

Plantação de estrelas
Regadas com vozes
Arfantes brilhos
Em noite pulsante.

Dói

Te querer dói.
Sentir saudade dói.
Dói estar longe.
Dói estar perto.
O que acontece afinal?