segunda-feira, 29 de abril de 2013

Conselhos


E tem essas dores
Que não se sabe
Como
Ou
Quando
Chegaram
Apertaram
Nosso coração
Dores, dor
Uma, duas, dez
Uma que vale por mil
Mil que deixamos passar

E temos que suportar
O passado incorrigível
Os gestos
Inesperados
Meus
Nossos
E os versos
Rasgados dentro do peito
Arrancados
Das lágrimas
Que não escorreram

E há esses dias
De paz
Da janela pra fora
Onde a porta
Fica trancada
Parece aberta
Para os recados do mundo
“Seja feliz”
“Viva intensamente”
“Siga em frente”

Mas ninguém sabe dizer
Como é ser feliz
Quando se tem algo
Que não se tem
Quando o rosto sorri
Um sorriso de atriz

Ninguém sabe explicar
Como é viver intensamente
Será se jogar de pechascos?
Saltar de paraquedas?
Saltar pra dentro de si?
Pra fora do tempo?

E seguir em frente
Parece simples
É só olhar a rua
E caminhar
Mas pra onde se pode ir
Quando ainda se vive o que já foi?

domingo, 28 de abril de 2013

Amor, sozinho, não basta


Amor não basta
amor por si só
único
indissolúvel
sozinho
no peito
não basta
Nem todo amor
tem paciência
nem coragem
para mudar
para melhorar
nem visão
nem exatidão
pra ser
apenas
amor

E há quem diga
que amor
de verdade
sempre basta
mas quem vive
discorda
ou pira
neutraliza [a mente]
verbaliza [aos gritos]
satiriza [o coração]
o amor
que não realiza [sozinho]

Amor não escolhe raça
nem personalidade
nem cor preferida
nem drama 
comédia
terror
acordar cedo
ou tarde
pro almoço
ou pro sonho [que não é igual]

Amor é loucura
insano 
mas precisa ser brando
reticente 
independente
que toca de leve
e arrasta pra perto
sem causar feridas
deixando
o prazer
de ser amor
numa cama
ou na cozinha
deixando-se
ser
o que tiver que ser


Amor mesmo
Leva pro céu
Joga pro alto
Só pede por paz
E sol
E vozes tranquilas
Risadas
Sem ira
E atira
Pra frente
Pra que seja
Feliz
De longe
Porque amor
De verdade
É forte
E solta
Liberta
Pra vida.

Pois assim
A felicidade
Virá
Quando o sorriso
Vier
Do outro
De perto
Ou de longe
Em qualquer lugar
Em qualquer tempo
De qualquer jeito
E sempre
Será
Amor
Simplesmente
Amor.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A vida e a saudade

Eu tenho saudade
Saudade de coisas
De gentes
De antes daquele dia
Saudade de quem não tem saudade
Saudade das risadas insanas
Dos sorrisos escondidos
Que escondiam
As dores do amor ido
Sinto saudade
Dos saltos altos
Das chegadas e partidas
Das roupas rasgadas
Da pele ressentida
Do desabafo pelas noites
Sinto saudade
De quem sabia chamar
Ouvir
Sorrir
E fazer poesia no escuro
Da preocupação real
Da vida real
Que era apenas um conto
E essa saudade
Que me tem
Tem meu pensamento
E aquele sentimento
Lá no fundo
Que desespera meu ego
Magoado

Pela falta
Pelo vazio
Pela lembrança
Das palavras que não tive 
Pelo abraço que não veio
Quando a morte passou por mim
Mas a vida ficou 
E ela continua
A violar meus desejos
A ignorar meus anseios
Pergunta-me
Indaga-me
Se tal saudade vale a pena
E continuo a gritar
Com ela
Pra ela
- Só sinto saudade do que eu amo!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Primeiro de abril


Escuridão
Um grito
Ecos ecoaram
Na madrugada
Na minha mente
Pensei
Sem pensar
Devia parar
Desviar
Correr
Apenas seguir
Opções se jogaram
Sobre meus olhos
Cegaram
Virei
Voltei
E aí ele se revoltou
Saiu de mim
Sacudiu minhas mãos
Meu corpo
Desvencilhou-se
Das entranhas
Desgrudou-se
Das visões
Poucas
Que haviam
Gritos
Ainda gritavam
Vozes em silêncio
Noturno
Enfim
Parou
Menos o pavor
De quem viu
A morte passar
Dizer oi
E seguir
O carro silenciou
Os grilos falaram
E as luzes
Amarelas
Vermelhas
Todas
Chegaram