sexta-feira, 21 de junho de 2013

Poemas mentais

Eu faço poemas mentais
E me perco de suas rimas
Assim que outra paisagem
Chega em meu peito
Partido

Escrevo poemas no chuveiro
Enquanto inalo o vapor
E a névoa apaga os sentidos
Enquanto enxergo a penumbra
E vejo o dia do começo
Depois a noite do fim

Pontuo com letras no teto
Os defeitos da minha alma
As dores que bateram na porta
Vestidas de falso vermelho
E tive ilusões de verdade
E frases de mentira

Eu uso um teclado imaginário
Para contar aos meus sonhos
As vontades que tenho
De pessoas reais que enganaram
E das sôfregas lágrimas que sequei
Quando existiam olhos que choravam

De olhos fechados vislumbro
Todas as vitórias que não tive
E quantos sorrisos coloridos já vivi
Entre leis e desleais caminhos
Onde nada era como pensei
E tudo era só uma lição em preto e branco

Ontem eu fiz um poema
Na madrugada que acordou meu coração
Ele me contava histórias 
Que lhe faziam o sangue ferver
Mas afirmava:
- Um dia hei de esquecer.

Em outro minuto escrevi
Sem caneta ou papel
Sobre a importância (ou falta dela)
O que vale mesmo nessa vida?
Sentir a leveza da justiça?
Ou ser feliz sobre a tristeza? 

Pensei então sobre as palavras
Frases e orações que poderia usar
Para contar ao mundo
Como é fácil se perder 
Nos pesadelos que nos tocam
Quando outra força nos atropela

Eu quis colocar numa tela
Os jogos de letras e os gritos
Que levavam de mim os naufrágios
De retratos vazios que ainda tenho
E que vibravam sobre a mesa escura
E assim viraram loucura
 
Eu faço poemas mentais
Não como este [vivo]
Para pedir perdão
Aos que se perderam
No córtex cerebral