terça-feira, 31 de agosto de 2010

Porção de nós

Restos
         [de nada]
Pedaços de horas
Sobras
        [de tudo]
Partes de passos



Escrevemos cartazes
                 [de vontades]
Em paredes brancas
Fomos ferozes
Enviamos sonhos
                 [ao futuro]


Lívida escuridão
                [verde]
Acode alguns dias
Imensidão que salva
                [completa]
A vazia miragem



Ensejos remavam
                   [para]
Mergulhos em colos
Cheios de sol
                  [envoltas em]
Voltas do ritmo


Distância infausta
Aportou numa aura
                  [mergulhou]
Com trôpego fôlego
Asfixia a luz
                  [saudade]


Na ânsia do ar
Ainda há um ponto
Talvez seja o sol
Talvez seja o brio


PS: Há um pouco de vida na morte, um resquício que toca. Há um pouco de ressurreição na realidade...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Inerte

O céu inerte
O braço inerte
O cérebro inerte
O coração, inerte

Não inerte como a terra 
               (como a terra, apenas afável)
Mas inerte como o som 
               (som das batidas iguais)

Sendo inerte como o som
Que anda igual
Sofre diferente e
Vive sem viver
Vai vivendo sem mexer
Sendo azul de inverno
Pensando sem ousar
E sentindo sem tocar

Talvez toque, nos devaneios hilários
Ou nos sonhos 
              (agostos do próximo ano)
Mas não toca a verdade
Da realidade pensada
Que vem com as manhãs
Que acolhe desejos
E naufraga ao meio-dia

Não toca as cores
Daquelas flores da janela
Apenas vê, ouve os detalhes
Quando imagina a textura

Inerte
Tão inerte que não vislumbra
Apenas vive 
              (sem viver)
O novo dia.

Rosas

As unhas eram rosas
Rosas sem cheiro de rosas
Rosas com desejos de rosas
Rosas intrépidas rosas
Ousadas rosas nas mãos
Acalentam como rosas
Rosas com miragens rosas
Feito rosas fulgazes
Rosas que acariciam
Peles rosas de inocência
Ou as rosas do suor
Sendo rosas na cor
Sendo rosas do amor
Ou rosas na flor
Ser rosa
Ter rosa
Ver rosa
Só interfere numa rosa
A rosa, aquela
Que tu vês agora, rosa.

Ele vai

Quando ele sai, sinto medo
Não importa quanto tempo
Nem para onde ele vá
Quando ele sai, sinto medo

Quando ele sai, fico só
Não que me falte companhia
Na verdade o que falta é a alma
Quando ele sai, fico só

Ele sai, geralmente aos domingos
Quando chove, tudo é escuro
Quando faz sol, tudo é escuro

Ele volta, geralmente aos domingos
Quando faz sol, tudo é luz
Quando chove, tudo é luz

As vezes ele sai e sinto medo
Quando ele volta sinto paz
Então imploro que fique
Mas ele vai, sem dó
Depois ele volta, com a paz em um embrulho...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amizade

Amigo é coisa pra se guardar, no lado esquerdo do peito...
A música de Milton Nascimento retrata uma grande verdade. Durante muito tempo eu achei que não era capaz de encontrar esse tipo de amigo. Amigo pra guardar, cuidar, abraçar.
Me considerava uma frustrada no campo das amizades. Por isso, vivia procurando em mim as razões de ser "largada". Procurava defeitos. Ficava triste quando encontrava algum que poderia ser a causa desse problema de relacionamento.
Hoje, tenho amizades verdadeiras, dessas de guardar no lado esquerdo do peito. Dessas que a gente pode contar pra chorar as mágoas, as dores, as cores erradas em determinados momentos da nossa vida.
Não foi fácil encontrar essas amizades, e nem são assim tantas. Mas são únicas. E a cada dia encontro uma nova amizade. O tempo acaba dizendo quem fica e quem vai embora. Aprendi que grandes amizades, essas existem e ficam, sempre. Nos protegem, nos invocam a sermos melhores. Nos desafiam a compreender o próximo, a ouvir confidências e problemas, erros, defeitos, saudades e opiniões.
Hoje, percebo claramente que eu não tinha nenhum problema, só precisava ter paciência, uma virtude que nunca me foi dada, tive que conquistar. Quando eu estava cansada de esperar, conquistei minhas amizades, minhas pessoas fundamentais, pessoas que não são da minha família. Porque familiares, esses tem obrigações de sangue conosco, e sabemos que podemos recorrer a eles em qualquer situação. Claro, falo aqui dos familiares leais. Aqueles que entendem o significado e a importância da família em suas vidas.
Mas então, voltando ao campo das amizades. Hoje eu posso afirmar com toda certeza, que tenho amizades fundamentais, e sem as quais não sei como poderia viver.
Não pensem vocês que vou citar nomes, creio que não haja essa necessidade, pois meus amigos, os de fé, irmãos, camaradas, esses sabem que é deles que falo.
O que me traz aqui é a vontade de compartilhar essa alegria da amizade, que às vezes é dor, outras união. Temos que acreditar que existem ainda pessoas fiéis, leais a nós, a nossa vida. Fiéis as virtudes dos seres humanos, como carinho, afeição, dedicação...
Por hoje é só. Deixo aqui o meu desejo sincero para cada visitante do meu blog, para que seja tão feliz quanto eu em relacionamentos assim, de amizades sinceras...