domingo, 5 de junho de 2011

Onde está o poeta?

Leveza que não deixa pegadas
Faz da aura uma nuvem cinzenta
- Onde está o poeta triste?
Foi para a rua onde neva saudade


Buscava o pesadelo da virgem
Para então regar as plantas sensíveis
- Onde está o poeta sensato?
Não há neste tempo nenhum


Canseira acontece em migalhas
Benze asneiras adoçadas
- Onde está o poeta afobado?
Vivendo entre os olhos do sol


Sabia que noutro dia há um dia
Onde se ouve a limpeza do céu
O poeta não nega a presença
Da vida que vive no enfim...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Poderia

Eu poderia mudar a direção
Seguir pelos olhos do tempo
E deixar na memória
Só o que ficou num momento

Eu poderia apenas sair
Ouvir as ruas cansadas
Carregar todo o peito choroso
Para um canto no meio do fim

Eu poderia fugir
Na direção da lua
Quem sabe o teu destino
Fosse, enfim, apagado do meu

Eu poderia simplesmente parar
Cantar a nossa canção
Sofrer pela eternidade
Viver assim, morrendo

Há muitas coisas
       [que eu poderia fazer]

Há vários caminhos
       [que eu poderia seguir]

 Mas não houve nada
                    [que eu fiz]

Nem encontrei os caminhos
                    [que eu segui]

Foi uma vida
          [que não vivi]

E agora estou aqui
       [depois de viver]