quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sentir

2011 está chegando ao fim. É hora de refletir sobre o que passou, sobre como agimos, sobre como nos sentimos. Mas, na verdade, acredito que não existe hora pra isso, podemos (e devemos) fazer quando quisermos, todos os dias, semanas, horas. Não importa quando, o importante é ter consciência do que somos e do que queremos em nossas vidas.
Em 2012, assim como em outros anos, cometi muitos erros. Chorei bastante, achei que não superaria as dores. Mas o tempo, novamente, me mostrou que sou capaz. Nossa força interior é muito grande, desde que exista fé e coragem. Hoje, eu sei que errei porque precisava aprender. Além disso, mesmo no pior, há sempre algo que pode ser aproveitado. Meu coração foi partido, perdi a confiança em pessoas especiais, amizades importantes se afastaram, tive problemas com familiares, no trabalho, enfim, na vida. Assim como qualquer pessoa normal. E isso me deixa feliz. Mostra-me que estou viva, que tenho tantos sentimentos em mim que se misturam e transformam minha rotina. E que bom é ter uma rotina sem rotina.
Já o tempo, esse passa rápido, e quando nos damos conta, já chegou o final do mês, do ano... Há tantas coisas que gostaria de ter feito. Gostaria de ter saído mais com meus amigos, de ter beijado mais, de ter dito mais vezes para as pessoas que amo, o quanto elas são importantes para mim. Gostaria de ter abraçado mais a minha mãe, meus irmãos, meus sobrinhos, meu amor... Gostaria de ter lido mais, ter visto mais filmes, caminhado mais sem destino. Gostaria de ter rezado mais, agradecido mais pela vida incrível que tenho, pela saúde, pelo trabalho, pela família linda que Deus me deu.
Quando paramos pra refletir, entendemos o quanto é bom viver, mesmo com problemas. Mesmo que nem tudo seja como gostaríamos. Há tantas dores piores do que as nossas por aí. Há tanta gente que chora porque está doente, porque passa fome, porque não tem onde morar. E nós, quantas vezes já reclamamos da nossa casa, do almoço de todos os dias, da dor de cabeça que aparece só de vez em quando?
Parece clichê falar dessas coisas no final do ano. Mas é a verdade. É a realidade de todos os dias que lembramos de perceber só uma vez por ano. 2012 está chegando e eu espero muito dele. Quero conquistar mais amigos, além de conservar aqueles que já tenho de uma maneira ainda mais intensa e especial. Quero viajar mais, conhecer outros lugares. Quero poder ajudar pessoas que precisam, nem que seja só com algumas palavras, com um pouco do meu tempo, o qual eu não tenho utilizado de maneira integral.
Mas confesso, eu tenho medo. Medo de não conseguir, de dar tudo errado e eu fracassar. Mesmo assim, vou tentar. Porque no final das contas, não importa o que pensem, ou digam, eu sempre tento. Simplesmente, porque a vida não para. O tempo passa e somos obrigados a viver. Continuamos a nos entregar aos sentimentos, aos problemas. Continuamos a chorar e a sorrir. E só quem é tão normal quanto eu, sabe a que estou me referindo.
Portanto, haja o que houver, 2012 será um ótimo ano, pois continuarei a sentir...



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Onde está...


Onde está nosso amor?
Os anos passaram
Mas o beijo ainda é o mesmo
Mesmo assim, onde está nosso amor?
Para que leste ele foi?
Ousou burlar o tempo e se apagou?
Onde está nosso amor?
Aquele que nos deixava sem fôlego
Que enfrentou terremotos
Que saiu ileso de tempestades
Aquele que você me prometeu eternamente?
Onde está nosso amor?
Escondido em algum desejo?
Arrependido pelos tropeços?
Ou apenas adormecido em tua vingança?
Nosso amor sempre foi fiel, tu lembras?
Dava voltas pelo mundo
Ia ao nordeste, mas nunca saía nós
Foi ver o mar e ainda assim estava no mesmo lugar
Virava a noite pra acordar em nosso olhar
Onde está nosso amor?
Viajou para o frio?
Enterrou-se na solidão?
Está perdido em algum coração?
Foram tantas palavras de paz
Outras tantas de insanidade
Foram tantas luas refletidas no vidro
Tantos dedos espalhados na pele
Foram tantas respirações ofegantes
Tantos gemidos de saudade
Onde está nosso amor?
Onde estão as juras de outras vidas?
Os suspiros das letras?
As gargalhadas das tardes?
Onde está tudo que nos fez apenas um?
Que mudou os destinos?
Que nos embebeda de sonhos?
Que imagina futuros?
Talvez não seja nosso amor
Talvez quem tenha se perdido fomos nós
Um do outro em algum tempo
Ou que talvez apenas um
Talvez outro que não se conheça
Talvez seja o medo da verdade
Talvez seja a verdade disfarçada
Talvez seja a mentira vencendo a fraqueza
Talvez seja só um nada que nunca foi tudo
Ou o tudo deu espaço para o nada
Um nada que passeia, entre nós
Onde está nosso amor?
Ainda há coração em nós?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A caminho do sol

Outro dia me deparei com o passado
Mas demorei a reconhecê-lo
Ele veio em forma de gritos
Com um corpo em sintonia diferente

No primeiro olhar me perdi na análise
Não soube definir o que era ontem
Depois de alguns minutos vi o som
De uma voz que não existia mais

Por alguns momentos eu me confundi
Fui controlada pelas antigas formas
Briguei com minha razão para entender
Que ninguém é o mesmo alguém para sempre

Compreendi que palavras cantadas
Soam diferentes em tempos incertos
São como um aviso ao futuro
De que o passado também é presente

Reagi com tristeza
Oscilei entre uma janela e outra
Decidi pela verdade
Só esqueci que ela muda a cada dia

Se então vou a caminho do sol
Renovo meus desejos viscerais
Fica com a lua aquele sorriso
Que um dia foi farol em meu destino

domingo, 16 de outubro de 2011

Tanta saudade


Tem saudade que sacode o tempo
Proclama minutos em horas
Buscamos o momento perdido
Em falhas que nunca nasceram
Revivemos a força do sol
Em noites nubladas

Tem saudade que inibe o pesadelo
Adormece na alma
Pousa em forma de pegada
Nas alças de um sonho de olhos abertos
Nos aflige a aura gelada
E nos deixa no chão da emboscada

Tem saudade que corta os pulsos
Tantos pulsos que pulsam sozinhos
Em pulsações desenfreadas
Pela falta de pulso na vida

Tem saudade que corta o peito
Reabre a ferida apertada
Que sangra em fios solitários
Em gotas afiadas de nada

Imperfeito coração


Tenho um coração imperfeito
Ele age sob impulso
Chora por antecipação
Ignora os avisos

Tenho um coração imperfeito
Ele viaja sob escombros
Refaz detalhes não vividos
Abriga casos indefinidos

Mas, meu coração imperfeito também sorri
Há olhos que o encantam
Há sorrisos que o iluminam
Há beijos que o acionam

Meu coração imperfeito também lateja
Quando o céu empalidece
Quando as palavras são rasteiras
Quando as vozes são pesadas

Coração imperfeito me foi dado
Pra visualizar a beleza do escuro
Pra contar lágrimas em rios
Pra violar o universo

Pobre coração meu
Que não se cansa do perdão
Que não se ajusta à ingratidão
Nem obedece minha razão
Tão imperfeito que me atira
Ao tempo
Ao centro
Da loucura
Da vida

Coração meu, imperfeito
Ama tanto
Sem saber amar

sábado, 15 de outubro de 2011

Ventos


Meu amor veio num furacão
Arrancou meus cabelos
Lavou minha alma
Desajustou meus desejos
Acenou ao futuro
Abalou o meu eixo
Desregulou o meu tempo
Despiu meu sentimento
Levou-me

Ficaram
A bagunça nos pêlos
Os caminhos descaminhados
As vontades insatisfeitas
As horas sem relógios
As leis desalinhadas

O dia virou noite
E as estrelas cortaram nosso céu
Numa brusca tempestade
De realizações incompletas

Furacão renegou o destino
Realizou o impossível

Contos de Fadas


As pessoas mentem. Essa é a máxima de House, aquele médico do seriado de mesmo nome, americano, e que tem milhões de espectadores pelo mundo. As pessoas mentem. Mentem tanto, e sempre, que por vezes acreditam nas próprias mentiras.  
Sempre adorei House. Atualmente eu o odeio, porque ele parece só mais um babaca que pensa que pode sair por aí contando suas mentiras e manipulando as pessoas. E confesso, quando ele faz isso com as pessoas que se preocupam com ele, me incomoda. Mas, por outro lado, gosto demais de algumas de suas “qualidades”, como a sinceridade... Não sou hipócrita a ponto de dizer que eu não minto. Eu minto, mas só minto para quem não faz diferença na minha vida. Posso afirmar, sem medo, que a sinceridade é uma das minhas qualidades. Eu sou sincera porque sou absolutamente intensa. Eu já falei num texto anterior, mas acredito que é importante dizer novamente: quando eu choro, deságuo; quando eu rio, gargalho; quando sonho, detalho; quando eu amo, me entrego de corpo, alma, coração... eu sinto tanto que me perco no amor... E tem algo mais lindo do que se perder amando? É pura poesia. É ouvir pássaros até quando está caindo um temporal, é sorrir mesmo com a cena mais trágica da novela passando na TV, é viajar mesmo sem dar um único passo. Eu sou assim. Intensa.
E é aí que tudo desanda. Essa minha intensidade, tão poética... só me ferra. Sério. Acredito demais nas pessoas, especialmente nos homens. Detesto essa coisa de ser sonhadora. E justo eu, que desde sempre dizia que não acreditava em contos de fadas. Detestava a Cinderela e seu príncipe chato, e todas aquelas outras histórias de final feliz. Mas eu cresci. Cresci e comecei a acreditar nessas baboseiras. Como pode?
Então, fico me perguntando, se eu errei em acreditar, ou se quem errou, foi quem me contou a mentira do amor eterno, do felizes para sempre, do jamais te esquecerei, do te amarei para sempre... Aí está, são tantos clichês. Como acreditei nisso? Como nós, mulheres, conseguimos a façanha de cair nesses papos furados?
Estou parecendo indignada. Realmente, estou indignada. E o mais engraçado, que comecei indignada por mim, mas agora estou indignada pela minha classe. Nós, mulheres, temos que aprender a colocar esse bando de homem que conta lindas histórias pra correr das nossas vidas. Eles são problemas. Homens de verdade - e Deus, ainda acredito que existam, por favor não me decepcione – não contam histórias bonitas, eles apenas falam a verdade. Não mentem dizendo que gostariam, mas a vida não deixa, ou que morreriam por nós quando na verdade apenas querem uma noite no motel.
E, se eu fosse colocar aqui tudo que já ouvi, vi, vivi, ou observei nos relacionamentos por aí, teria que escrever um livro, e não apenas um post.
E você, que ainda está aí, lendo todo esse desabafo, deve estar se perguntando se ainda acredito no amor...
Minha resposta é: por hoje, não. Afinal, nunca se sabe o como vai ser o amanhã.
Mas, para mim, o amor é mais do que mentiras. É mais do que interesse. É mais do que aparências. É mais do que promessas jamais cumpridas.
E isso, sinceramente, eu nunca vi. Então, é impossível de acreditar.
O que existe são apenas pessoas que enganam, e pessoas que são enganadas.
Nossa! Acho que, finalmente, eu aprendi a lição!
Mas então, você engana ou é enganada (o)?

OS: House, quem diria que você, um desgraçado idiota, é quem mais tem razão nessa história toda?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vagando

Sonhei com tantos pedaços de vida
Nem vi o tempo aos ventos
Rabisquei tantos detalhes
Ouvi tantas canções sobre nós
Bebi o teu hálito macio
Previ nosso futuro em teus olhos
Em qualquer planeta estamos
Com corações inviolados...

Deixa estar essa vida
Há tantas outras em que nos encontramos

Sem lição, só opinião


Que mania é essa que as pessoas têm de julgar sem conhecer? De acreditar na opinião alheia sem conhecer? Ou de simplesmente despejar no mundo sua ira? Fico pensando nisso, e não consigo entender. As pessoas são diferentes. Obviamente uns vão entender e conhecer melhor alguns do que outros. Ninguém é obrigado a gostar de alguém. Vivemos num mundo inundado pelo livre arbítrio. Mas, às vezes, as pessoas confundem isso com outras coisas, coisas desagradáveis e absolutamente dispensáveis. Um exemplo disso, é a falta de educação, a falta de respeito com o próximo. Repito: você não é obrigado a gostar de ninguém, mas o respeito é prerrogativa para que tenhamos um espaço - seja em casa, no trabalho, na rua, na balada, em qualquer canto - onde possamos ser nós mesmos, onde possamos falar e ouvir, compartilhar ideias e opiniões sem sermos odiados por isso.
Não to muito a fim de ficar escrevendo sobre isso, mas não consegui simplesmente deixar pra lá. Só que estou um pouco irritada com a quantidade de gente mal humorada no mundo. É muita gente reclamando de outras gentes, de outros mundos que não são os seus. Frustrações, muita gente tem. Mas pega mal pra caramba sair por aí descarregando em quem não está interessado.
Vamos repensar nossas atitudes... Afinal, sua liberdade termina onde começa a minha!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pedaços de caminho

Sim! Muitas vezes a nossa maior vontade é voltar no tempo. Algumas vezes, a vontade é de decidir de outra maneira, pensar de outro jeito e conquistar aquilo que deixamos passar, que perdemos sem notar, ou até notamos, mas tínhamos medo de segurar. A sensação é bem ruim. É como sentir que nosso corpo está aqui, e nossa alma ficou perdida em algum lugar por aí. É como não saber se há como buscá-la, ou se temos que aprender a viver sem ela. Ou ainda, viver assim mesmo, e recuperá-la de outra forma, com outras escolhas, com outros motivos...
Outras vezes, a vontade é de voltar para reviver um momento. Quando encontramos um sorriso que nos alegrou num dia ruim, ou alguém que nos enfeitiçou com seu carinho. Voltar para aqueles dias em que não se pensava no futuro, ou que sonhar com o futuro fosse apenas pedir para o tempo não passar, para aquele momento durar pra sempre...
A vida é mesmo um caixa de surpresas. Nós erramos, caímos, erramos outra vez... Mas, às vezes, acertamos. O problema é que quando isso acontece nem percebemos. Nós humanos, notamos com mais frequência as nossas perdas. Eu, por exemplo, já perdi um montão de coisas, um montão de gente ficou no meio do meu caminho, porque encontrou outro melhor do que o que eu seguia, ou porque cansou de seguir perto de mim... E fiquei me perguntando, durante muito tempo, se a culpa era minha.
Mas, hoje, mesmo ainda carregando uma fagulha de culpa, eu sei que as pessoas fazem as próprias escolhas, e não importa o que eu pense ou sinta a respeito. E as pessoas que se vão, nunca voltam como eram. Elas trazem um pouco do novo caminho, e perdem uma parte do que caminho que percorremos juntos. É uma troca. O problema é que tenho imensas dúvidas sobre a qualidade dessas trocas. Se realmente valeram a pena. Se eu mais perdi, ou mais ganhei.
Eu sempre tive medo de perder os meus amores. Amores de sentir. Aqueles que entram em nossas vidas sem pedir e que saem sem nem ao menos nos comunicar o coração. Talvez por isso, a cada perda, me perco um pouco. E quando percebo que perdi de verdade, uma dorzinha aqui dentro fica gritando.
Então, impossível não pensar em como foi bom aquele dia, aquela conversa, naquele tempo que ficou perdido no tempo...
São coisas que se vão, pessoas que se mudam. Da vida, de espaço... E nada volta a ser como antes...
Hoje, meu objetivo consiste em superar essas perdas, pois preciso abrir espaço para novas conquistas... novas pessoas... novas vidas... novos caminhos...
E virão novas perdas, novos erros, novas escolhas...
Estou aqui, e estou preparada! Isso é o que me move. Isso é vida. E como é bom estar viva!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Inspira-me


Minha inspiração
És tu, completo retrato de coisas sobre as quais eu escreveria livros
Dedicaria meu tempo a descrever seus temores, seus amores
Não me faltam palavras quando apenas seu nome está na minha mente
Se necessário fosse, meus dias teriam o acréscimo diário das suas poses
E nem seus dissabores escapariam das minhas mãos ávidas por letras
Tu, que nem ao menos recebe o carinho das minhas neuras
Vive em outro mundo, tão regado a tudo que completa o nada
Poderia ao menos sentir sua presença em meus sonhos? Ou seria a minha presença em seus sonhos?
Minha inspiração tão renegada
Por ti seria outra, seria a mesma, ou seria ninguém
Talvez eu fosse também apenas um pedaço de alento
Por ti, ouviria canções sobre o Diabo e sobre o além
Faria piadas sobre o tempo e regaria qualquer tormento
Mas o filme do tempo  seria como a noite em que te senti
Breve inspiração que me leva horas diárias
Eu poderia usar papel, caneta, teclados, por anos, somente para te contar
Contaria como teu sorriso me faz rir
E como a tua ira te mostra humano como eu
E caso fosse necessário usar seus detalhes, me deliciaria reviver o que nunca houve
A espera por tua leitura seria, quem sabe, saboroso como um beijo
Minha inspiração
Já pensei em pedir-te a vida outra vez
Mas que seria de mim?
Como existiria eu?
Sem a poesia que te faz viver em mim?

Meu céu


Pudera eu ser aquela estrela
Que está nos teus desejos noturnos
Viveria na grandeza da luz
Que saltariam dos seus olhos
Seria a única estrela entre milhões
Pela qual tu dedicarias sorrisos
E não haveriam outras tão gigantes
Pois Júpiter viveria como ínfimo
E as noites pouco seriam diante de nós
Viajaríamos pelas galáxias perdidas
E a sombra jamais nos alcançaria
Ah! Pudera eu ser a tua estrela
Terias o brilho que te falta no escuro
E preencheria a minha falta de céu

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Blá blá blá sobre o tempo


se houvesse uma certeza
de que amanhã seria um dia melhor
talvez o hoje fosse mais fácil
do que o ontem que ficou no tempo
mas e se houvesse apenas a ansiedade
para o dia de amanhã
talvez deixássemos de viver hoje
e o ontem seria bem pior
mesmo que o passado não volte
foi onde o futuro começou
portanto, concluo, com a minha ingenuidade
se ontem foi ruim
fazer o hoje melhor
é garantia de um amanhã mais feliz

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Poetando o meu paradoxo


Sou poesia
Há palavras que me definem
Mas nenhuma que me explique
Ouço em forma de versos
Sinto em forma de sonhos
Não sou a santa da vida
Nem o anjo da morte
Sou a poesia
De uma alma que não é minha
Faço da noite pleno dia
E do dia o meu destino
Sou a poesia do amanhã
E vivo do ontem palavreado
Há vírgulas inteiras na minha pele
E infinitos pontos finais
Há rimas que me cercam
E outras que me levam
Sou tão poesia
Que me perco na realidade
Faço da viagem uma história
Faço da cama a memória
Faço do cinema um recado
E da música um finado
Desafino pelas linhas
Da sorte que me fez azarada
Busco um sim no impossível
Encontro as letras imprevisíveis
Palavras, palavras
Que me são poesia
Que me recitam a vida



Perdoa-me outra vez


Perdoa-me as impurezas
Toscas partes de mim
Desanexadas do meu interior
Que fragilizam minha aura

Perdoa-me os enroscos
Tolos momentos de ateísmo
Revoluções de fome irrestrita
Que anunciam uma cicatriz futura

Perdoa-me que eu seja eu
Como uma nobre sem causa
Como uma saída ao nada
Buscando a brisa do sim

Perdoa-me a indiferença
Nesses dias tão chuvosos
Nesses ares melancólicos                   
Sendo um resto do fim

Perdoa-me


perdoa-me
perdoa-me pela minha falta de perdão
meu coração não aceita a tua ausência
e minha razão não entende o desencontro

perdoa-me
por não fazer jus ao seu perdão
meu coração é feito de sangue latente
minha razão é feita de resquícios de altivez

o perdão tem valor tão robusto
há uma desprivilégio dele para comigo
é impossível compreender as escolhas
quando não se existe dentro delas

não me evocam os ensejos do perdão
são apenas fagulhas que respingam
por entre os poros abertos, cobertos
com o mais vermelho dos desprazeres

sua partida levou meus desatinos
houve um afeto rasgado na estrada
foi-se um pouco de mim
tu ficou, entre a luz e a solidão

perdoa-me
por não saber perdoar-te à vida

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meditação


Rezei
Assim meio sem rezar
Pra que as palavras viessem
Dessem forma às vontades
Desse peito inconformado


Pedi
Pedi meio sem pedir
Para os deuses dos poemas
Que mostrassem num minuto
Uma forma de beleza feia


Ah! Letras inconstantes
Que atormentam a minha calma
E me deixam feito um fantasma
Vagando pelos dedos que só dormem


Acabei sem um tanto de carinho
E meus ouvidos não mais queriam
Os sussurros da fraqueza insana
Buscavam os gritos da esperança


É um fardo sem tamanho
Ter um terço de inscontância
Nesse mundo de alternância
Entre vida e morte palpitando


Não são rimas que me cercam
São ensejos de alicerces
Que ainda pendem boquiabertos
No planeta dicionário


Ainda rezo em sentimentos
Ainda peço um desfecho
Talvez a força seja pouca
Mas minha poesia não desiste




PS: O texto acima pode ser lido também na Revista Click do mês de agosto. Obrigada pelo convite Edson Marcondes! 

domingo, 5 de junho de 2011

Onde está o poeta?

Leveza que não deixa pegadas
Faz da aura uma nuvem cinzenta
- Onde está o poeta triste?
Foi para a rua onde neva saudade


Buscava o pesadelo da virgem
Para então regar as plantas sensíveis
- Onde está o poeta sensato?
Não há neste tempo nenhum


Canseira acontece em migalhas
Benze asneiras adoçadas
- Onde está o poeta afobado?
Vivendo entre os olhos do sol


Sabia que noutro dia há um dia
Onde se ouve a limpeza do céu
O poeta não nega a presença
Da vida que vive no enfim...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Poderia

Eu poderia mudar a direção
Seguir pelos olhos do tempo
E deixar na memória
Só o que ficou num momento

Eu poderia apenas sair
Ouvir as ruas cansadas
Carregar todo o peito choroso
Para um canto no meio do fim

Eu poderia fugir
Na direção da lua
Quem sabe o teu destino
Fosse, enfim, apagado do meu

Eu poderia simplesmente parar
Cantar a nossa canção
Sofrer pela eternidade
Viver assim, morrendo

Há muitas coisas
       [que eu poderia fazer]

Há vários caminhos
       [que eu poderia seguir]

 Mas não houve nada
                    [que eu fiz]

Nem encontrei os caminhos
                    [que eu segui]

Foi uma vida
          [que não vivi]

E agora estou aqui
       [depois de viver]

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passeio

No alto
Do alto
Dava pra ver a escuridão
Dos vidros
Dos ruídos

De olhos fechados
Sem cortinas ou fatos
Só a respiração
Ofegante
Discrepante

De mãos vazias
Tão cheias
De pele
De alma
Com saudade

Pensamentos insanos
Humanos
Vivos de gosto
De fúria
Rabiscados de paz

O vidro molhado
De tempo
Incerto
Tão único
Tão tenso

Reflexos vorazes
De sonhos
Neurose ferida
Que sorte
Eram dois [em um]


terça-feira, 24 de maio de 2011

Encaminhando felicidade

Eu vivo querendo ser feliz. E quem não quer? O problema é que como a maioria dos humanos empobrecidos de expectativas, estou sempre focando mais no que perdi do que no que conquistei. Aí então, estava eu aqui poetando com meu teclado e, de repente, veio aquela super percepção. Eu sou feliz! Sou feliz, com falhas, mas sou feliz. Posso não ter algumas coisas, nem a presença de algumas pessoas que me fugiram com o tempo. Mas eu tenho muitas outras alegrias. Conquistei tantas coisas sozinha, lutei, corri atrás. Eu fui muito capaz. Aliás, ser capaz é algo que incomoda muita gente. Talvez isso contribua para que, cada vez mais, nos vejamos como inferiores. Fala sério né! Esse negócio de ser inferior só existe para que tem a alma pobre. Somos todos superiores. Sou superior quando eu abraço meus amigos, quando eu esqueço os imprevistos e quando deixo a irritação no minuto que passou. Inferioridade só existe na cabeça dos inferiores.
Mas voltando àquela conversa de felicidade. Aquela santa felicidade que vivemos buscando. Quando foi que você parou pra pensar no que já conquistou? Fica difícil encontrar felicidade quanto focamos só no que não temos, no que perdemos e no que ficou pra trás. Outro dia estava chorando. Ah! Eu choro muito. E é provável que amanhã eu chore de novo pelo que me afetou ontem. A vida é isso. Essa inconstância de sabores. Num dia tudo é amargo, no outro a gente sorri doçura. O fato é que não importa qual o sabor que te sirvam, importa o sabor que você sente. Por isso tem gente que gosta de doce e outros de salada. Não podemos esperar que nossa vida seja um mar de felicidade se só conseguirmos enxergar o deserto dos nossos erros.
O jeito é se domar. Todo dia é uma luta, com certeza. Mas se domar mesmo, se for com vontade, fica fácil e logo ser feliz vira rotina. Não absorver o mau humor alheio fica automático e perdoar os pobres de espírito pelas suas mal ditas palavras vira felicidade...
Hoje estou tranquila. Amanhã não sei. Mas eu sei que vou sempre tentar, um dia de cada vez, olhar a vida pelos olhos coloridos... preto e branco não combina comigo!

Conversa fragmentada

Era tão pulsante o coração
- Quero beber e dançar com você!
Um sonho tão lindo quanto a brisa
Daquele fim de tarde de outono

Era tão frágil a despedida
- Você vai e volta em três dias!
Difícil seguir um caminho
Quando todos levam ao mesmo lugar

Era tão triste o desalento
- Posso ser tudo só por um minuto!
Verdade enrustida no tempo
Do passado que viveremos amanhã

Era tão forte a saudade
- Com você o fim não existe!
Possivelmente é a verdade
Ou então nunca houve começo

Não sobrevivi um dia sequer
Sem a imaginação fluindo
Vivendo em capítulos
Tudo aquilo que não existiu

Esperança sempre foi
O maior delírio dos amantes
- Não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Medidas

Queria medir o amor
Entender a quantidade da dor
Depois colocar na balança
E saber o que pesa mais


Queria entender o sentimento
Que exulta num momento
E se despedaça em um segundo
Contar o tempo de todo esse tempo


Queria cancelar o encontro
Da alma irradiante
E da lágrima lancinante
Jogar os pedaços em lados opostos


Queria buscar uma nuvem
Pra mandar viajar o sorriso
E a chuva viria depois
Lágrimas seriam só água


Tentei escapar dos receios
Em vão foram todos os meus desejos
Poderia até ter conseguido
Mas então seria só mentira


Quanta ironia eu vejo agora
Entre tantas palavras cuspidas
Sem medo e todo o medo
Com o peito rasgado 


Iludidos são os que resistem
Não há como medir 
A maior dor sempre será
Do maior amor.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sou poesia

Me transformo em poesia quando penso em você
Vejo as luzes da alegria 
Nas lembranças dos lábios
Dos toques insensatos
Me transformo em poesia
Quando lembro da loucura
Dos delírios da magia
Dos olhos sorrindo
Sou poesia febril
E você é a palavra pulsante
Junta-se tudo: é amor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ensinamentos de Sônia

Fui a uma palestra da incrível Sônia Bridi no final de semana. Eu estava evitando tocar nesse assunto outra vez, pois já falei tanto sobre isso que muitos já devem estar me considerando uma chata. Na verdade, falei muito. Mas escrever mesmo, é a primeira vez, com exceção de alguns caracteres no twitter. 
Ela contou muitas histórias, e eu ouvi tudo maravilhada. Os motivos são muitos. Mas devo ressaltar aqueles que mais me impressionaram. Sônia nasceu em uma família simples. Mas ela nasceu com um dom, um dom tão abençoado que a transformou, obviamente com toda a educação que recebeu, numa das maiores jornalistas que o Brasil tem. Ela com certeza é uma catarinense que orgulha a todos nós. Logo no início já foi possível perceber o quanto ela é sensível. Com um coração tão humilde quanto o tamanho de seu talento.
No final de sua explanação sobre suas andanças pelo mundo, especialmente a China, período sobre o qual escreveu um livro o qual nos presenteou no fim da palestra, ela abriu espaço para algumas perguntas. 
Foi então que se emocionou falando sobre o pai e a mãe, que com muito esforço puderam dar aos 8 filhos uma educação digna. Quem diria que a mulher que já rodou tantos quilômetros pelo planeta, seria assim, tão humana. A televisão nem sempre mostra tudo. Nesse caso, foi uma bela surpresa perceber que ela, assim como eu, você que está lendo isso, tem motivos para sorrir, para chorar, para crescer.
Em determinado momento, a questionaram sobre essa vida incrível de viagens, sobre como tornar possível. Afinal, quem de nós nunca pensou em viajar pelo mundo, conhecer culturas diferentes, pessoas diferentes?
Então, ela disse (talvez com outras palavras): "Para conseguir o sucesso no trabalho, é preciso ter sucesso na vida. É preciso ter tempo para ler. Para dar educação aos nossos filhos. Ninguém consegue ser feliz trabalhando, se não é feliz fora do trabalho". Sábia mulher! Sábia jornalista! Mesmo tendo viajado tanto, sua maior lição é objetiva, clara e tão fácil de ser feita. Assim como todas as suas reportagens, que nos enchem de encantamento do início ao fim. Seu amor pelo trabalho é tão grande, que fica fácil perceber o quanto o suporte familiar foi importante para que tudo isso acontecesse.
Quem dera todos nós tivéssemos tamanha grandeza de espírito, tamanha coragem para buscar acima de tudo a nossa felicidade no dia a dia, nos instantes com nossos pais, irmãos, filhos. Trocar o duvidoso pelo certo. Fazer cada dia valer a pena e não nos contentarmos com o pouco, já que podemos ter muito. A verdade é que todos nós podemos. Mesmo sendo imperfeitos. Nós podemos. 
Sônia, a menina do interior que sonhava em ser jornalista. Ela quis tanto, buscou tanto, que chegou lá. 
Quantas vezes nós valorizamos nossos sonhos, ou apenas nossos simples desejos? Quantas vezes fechamos os olhos para o medo e seguimos em frente?
Eu ainda tenho muito a percorrer...
E você?




PS.: Obrigada Sônia. Por dizer o óbvio que às vezes esquecemos. Por mostrar que nada é tão difícil quanto parece, e que ser feliz só depende de nós...