quarta-feira, 12 de maio de 2010

Leio


Tenho prazer em te ler.

Te leio em lábios de sol
Nas essências de nuvens

Leio-te em névoas frias
Nas noites tontas

Te leio em partes de dias
Nas frases soltas da lua

Leio-te em quereres dispersos
Nas vagas fontes ocultas

Tuas palavras estão em oásis
Nas barcas em becos
Em raízes de veias

Tuas letras estão em prazeres
Nos paradoxos incompletos
Das vitrines impostas

Te leio aqui em pele e pêlos
Em versos de sons
Em cores negras

Leio-te enfim pelo mundo
Em ruas de nada
Em cercas mortas

Tenho prazer em te ler
Nas nuances ou nos olhos baixos
Nas curvas ou nas longas retas
És como um universo de poemas
Estás aqui, íntimo assim.
Te lendo, leio a mim.

Um comentário:

Bruno Fortkamp disse...

"Te leio" e a cada vez,encontro ainda mais a verdadeira essência de teus poemas.Poemas que mesmo falando do sentimento,não se deixam naufragar no intimismo,na banalidade,pois, consegue "mecanizar" a palavra com cada "parafuso" do sentido,ou mesmo abrir caminho para novas temáticas sem distanciar-se ou distorcer os versos.Assim é tua poesia,e como sempre digo...
"...Corre descalço de arco-íris..."

Parabéns...

Atenciosamente,
Bruno Fortkamp.