Partes de nós provavelmente serão felizes, em algum tempo e perto de outros amores. Serão amores diferentes. E essa certeza tão intensa de que nunca serão como o nosso amor, talvez seja prova mais consistente de que jamais seguiremos em frente como deveríamos. E a dúvida sobre se realmente deveríamos, devemos, nos mata a cada dia porque não se pode viver pela metade. Há uma parte de nós que não nos pertence, apenas vive em outro corpo, em outra mente, em outra atividade qualquer que realizemos enquanto o tempo passa despercebido. É mesmo uma palavra, que vem de um jeito que destrói e constrói a cada ano.
Seria apenas mais um passo dado para o lado errado, caso fôssemos apenas duas almas perdidas em momentos incertos. Mas não somos apenas dois, nem o momento é incerto. São passos escolhidos por forças que não nos pertencem. E não há nada disso que nos mude. Mas realmente não importa.
Seremos sempre dois em um. Estarei aí, em cada nova música que ouvir. E tu vive comigo em cada verso que descubro. Nossas vidas estarão sempre ligadas, mesmo que nunca unidas.
Há em nós essa dor que amarga um pouquinho de nossos dias, tudo por culpa de uma saudade que nunca passa. Há um espaço vazio que não se preenche com nada mais do que nos faz bem, pois é um lugar onde só se chega através do amor que nunca se afastou de nós. É como uma senha que só existe em se dois olhares se encontrarem, e que ninguém mais terá, nunca, acesso, nem mesmo que vírus nos toquem e nos queiram devastar, invadir, possuir.
Não sei quanto ainda viveremos, nem se ao menos viveremos por nós dois, um para o outro. E a dúvida enrustida na certeza do nunca, devasta cada novo sonho de possibilidade.
Enquanto isso, novas datas acontecem. E a sua memória como agenda histórica nos fará recordar cada uma delas em novos encontros, debaixo de árvores perdidas. Quando a brisa nos toca e nos leva a querer tocar também o ar um do outro. E vamos rir enquanto nos beijamos em pensamento. E quando seguirmos em direções contrárias, mais uma vez, derramaremos lágrimas que só escorrem para dentro. É uma força que nos derruba, para que possamos continuar erguidos, seguindo de um jeito que não queremos, não com a mesma vontade que temos quando nos olhamos.
Pode ser apenas uma palavra. Mas é mesmo um sacrifício.
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