sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Eu não quero morrer

Estou com medo de morrer
A morte me assusta
Eu sei, houve dias em que a tristeza me fez pedir por ela
Essa certeza única e da qual não se pode fugir
Mas hoje, especialmente, estou com muito medo de morrer
Não quero morrer agora
Eu sei que não se pode escolher
Mas eu ainda gostaria de abraçar meu pai muitas vezes
Gosto da segurança tão rara que ele me dá
E fazer carinho nos cabelos da minha mãe
Ela é tão forte que me faz sentir vergonha de desistir
Ainda quero rir com meus sobrinhos e brigar com meus irmãos
Escrever outros poemas e aprender crônicas
Ler mais Clarice, Pessoa, e outros tantos poetas
Quero ainda ouvir o mar de Miami
Ver o Natal em Gramado
Reclamar de palavras erradas
Gargalhar com minhas amigas
Dançar músicas que só eu consigo escutar
Há tanto ainda que eu quero fazer
Não posso morrer agora
E sei lá, hoje o meu peito está apertado
Então me peguei aqui, pensando nessas tolices
Que me iluminam os dias
E essa minha mania de querer tudo azul
Me faz perder o foco no arco-íris inteiro
E todas as músicas que ainda me farão sonhar?
Não quero perdê-las
E todas as chances que ainda devo desperdiçar?
Também não quero perdê-las
Nem quero perder os prazeres das lágrimas de saudade
Da fome de novos poemas
Das paixões em noites serenas
Das tempestades que me fazem tremer
E do sol que me faz sonhar
Não quero perder um filme novo no cinema
Nem as tardes tristes na cama
E os goles de água na madrugada
O frio dos meus pés no inverno
O suor das poucas caminhadas de verão
Eu não quero morrer
E estou brava por pensar nisso hoje
Não quero pensar
Mas penso
E o vento, tão leve lá fora
Não tem força pra levar minha angústia
Deveria eu desistir da viagem
Da gente nova
Do lugar novo
E ficar com o velho, seguro
Mas afinal, o que mesmo é seguro?
Não se sabe
Alguém talvez saiba
Eu não
Só sei, que hoje eu não quero morrer
Pra quem devo pedir pra viver?
Pedir vai resolver?
Não sei
Mas na dúvida
Ei! Você aí! Me deixa viver?

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