Um dia me disseram, que nada na vida é em vão, que minutos perdidos não voltam, que palavras mal ditas mudam sentimentos, e que ser justo é o melhor caminho. Não que eu não acredite nisso. Mas acho que a vida vai além de ser certinho o tempo todo. Quem nunca sentiu ódio jamais poderá entender como é amar. Quem nunca teve medo, jamais saberá o valor da coragem. Quem nunca errou, jamais saberá a importância de acertar. Quem nunca se arrependeu, não entenderá como é bom saber escolher.
Fico aqui pensando, nesses momentos de febre raivosa. Nas horas de coração estragado pela ira. Como é se pode viver num mundo onde ninguém conhece ninguém de verdade? Onde te tratam com desprezo quando se vira as costas? Onde podem rir de você pelo simples fato de você pensar diferente? Onde você não é respeitado? Onde ser ingênuo pode lhe custar caro?
Não sou a pessoa mais correta. Nem tenho conselhos pra dar. Só sei falar do que sinto. Também já julguei sem ter o direito de fazer isso, já ri, já errei, já falei coisas impensadas. Mas aqui, dentro de mim, sempre quis o melhor pra todo mundo. Sempre fui ingênua e cheia de sonhos adolescentes. Acreditei nas pessoas erradas.
Cada vez que me decepciono penso que será a última vez, que serei mais forte (talvez eu até seja), que ninguém mais vai me magoar. Crio uma barreira, e acabo a deixando de lado com o tempo. Fico novamente vulnerável. E aí acontece tudo outra vez. Nova decepção, nova dor, novo tormento.
Vem então aquela sensação de burrice, de dor incontrolável. Essa coisa meio besta de achar que o mundo te odeia, que tudo dá errado pra você. Vem a raiva de nós mesmos, dos outros, principalmente de quem nos magoa, de quem nos julga. Afinal, quem é você pra me julgar???
E é com esse sentimento de ter sido condenado por ser quem não é, que ficamos ainda mais irritados, inacessíveis, intrigados. Sei lá, as vezes eu penso que é isso que dá graça na vida, mas só quando estou bem humorada e fico lembrando desses tristes episódios, porque no auge deles, só tenho mesmo é muita vontade, ou de berrar, ou de calar. Na maioria das vezes eu calo. Fico no meu mundo quadrado e que só eu sou capaz de entender.
Nem sei se o melhor seria que mais alguém me entendesse, pois começo a pensar que além de não me entenderem, vão continuar a me julgar de maneira errada. A me comparar com os melhores. A tentar me enquadrar nas regras que os homens inventaram só pra definir o que é certo e errado, mas quem sabe mesmo o que é certo e errado? É justamente por sermos tão diferentes que as regras não podem se aplicar como leis. O certo pra mim pode não ser o certo pra você. E assim a vida segue. Então porque insistem em viver nesse mundo de regras, onde transformam as vidas em rotinas imbecis, só pra não serem julgados loucos?
Cada um vive a sua vida como quer viver. Julgar os outros pode ser só uma maneira de fugir de si mesmo.
Se eu vivo em depressão eterna, é porque isso me faz ser quem eu sou. Então, ou me aceite assim, ou não faça parte da minha vida.
E afinal, os grandes sempre foram considerados loucos...
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