Eu
faço poemas mentais
E
me perco de suas rimas
Assim
que outra paisagem
Chega
em meu peito
Partido
Escrevo
poemas no chuveiro
Enquanto
inalo o vapor
E
a névoa apaga os sentidos
Enquanto
enxergo a penumbra
E
vejo o dia do começo
Depois
a noite do fim
Pontuo
com letras no teto
Os
defeitos da minha alma
As
dores que bateram na porta
Vestidas
de falso vermelho
E
tive ilusões de verdade
E
frases de mentira
Eu
uso um teclado imaginário
Para
contar aos meus sonhos
As
vontades que tenho
De
pessoas reais que enganaram
E
das sôfregas lágrimas que sequei
Quando
existiam olhos que choravam
De
olhos fechados vislumbro
Todas
as vitórias que não tive
E
quantos sorrisos coloridos já vivi
Entre
leis e desleais caminhos
Onde
nada era como pensei
E
tudo era só uma lição em preto e branco
Ontem eu fiz um poema
Na madrugada que acordou meu coração
Ele me contava histórias
Que lhe faziam o sangue ferver
Mas afirmava:
- Um dia hei de esquecer.
Em outro minuto escrevi
Sem caneta ou papel
Sobre a importância (ou falta dela)
O que vale mesmo nessa vida?
Sentir a leveza da justiça?
Ou ser feliz sobre a tristeza?
Pensei então sobre as palavras
Frases e orações que poderia usar
Para contar ao mundo
Como é fácil se perder
Nos pesadelos que nos tocam
Quando outra força nos atropela
Eu quis colocar numa tela
Os jogos de letras e os gritos
Que levavam de mim os naufrágios
De retratos vazios que ainda tenho
E que vibravam sobre a mesa escura
E assim viraram loucura
Eu
faço poemas mentais
Não
como este [vivo]
Para
pedir perdão
Aos que
se perderam
No
córtex cerebral
Um comentário:
ai, ai... Me deu uma dorzinha o coração depois de ler o poema... ;x
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