terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Ritual para curar um coração
coração, cala-te
pois quando tu falas
sangra
infinito, coração
acalma-te
tua ironia maior é sentir
coração, liberta-te
nada sabe sobre a vida
termina, mata este fim
deita-te, coração
alivia teu cansaço no espaço
chora sem seres notado
coração, revolta-te
não queimes a esperança
seja apenas tempo
intensifica-se, coração
não vivas o medo
lute nas horas vagas
coração, releve
atormentes a escuridão
inunda teus segredos
abraça-te, coração
a coragem em ti esconde-se
tenha fé, no amor
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Esta semana eu morri
Há tempos em que é fácil notar que estamos morrendo. Há dias em que a noite parece bem mais próxima. Esta semana eu morri mais um pouquinho. Muita coisa aconteceu. Nada foi comum, mesmo a rotina tendo sido a mesma. Esta semana eu percebi que viver de verdade pode te fazer morrer um pouco a cada dia.
Percebi que quando se vive a realidade, a vida de mostra seu outro lado. Te carrega dos dias simples para longas e tristes noites. É noite quando se deita, quando se acorda, quando bate o meio-dia.
Há dias em que a gente sente um pouco menos de ar nos pulmões, o coração machuca quando palpita e quase pára enquanto chora.
Seria tão simples viver da simples rotina da ilusão. Mas o simples nem sempre dura, se esconde entre nossos minutos e nos atordoa com o difícil dilema da realidade que não queremos.
Esta semana eu morri um pouco mais. Na segunda uma parte de mim foi golpeada, lá pela terça enquanto se recuperava, chorei quando a noite chegou. Na quarta eu já não suportava a solidão da minha alma, e na quinta apenas respirava com o que ainda restava da força, já inteira fatigada. Então, na sexta, enlutada eu apenas pedi para que no sábado essa semana terminasse, enfim.
Esta semana eu morri mais um pouco. Talvez um pouco que seja muito. Talvez um pouco que seja eterno. Talvez essa vida que foi perdida não seja vida nunca mais. Mas há tanta vida na morte, é o que dizem. Quem dera eu encontrar essa vida pra viver outra morte, em outra semana tão pálida quanto esta.
Na verdade, cá dentro não se perde a esperança. Mas se perde aquela vida que nunca existiu.
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As nuvens não eram tão brancas
O céu não parecia azul
A mata era tão negra quanto verde
Na janela só havia reflexos caleidoscópicos
Aquele momento inabalável
Era a prova do ensejo
Daquelas almas perturbadas
Por um sonho desigual
As cores que não eram cores
Anunciavem a fatal partida
De uma noite que não era
Nem nunca foi cena real
Tanto tempo se desfez
Alguns anos de manhãs perdidas
De madrugadas invisíveis
Mostrando a face da mentira
Dia após dia nada houve
Mesmo tudo sendo devastado
Com a força do mesmo dia
Em que a grama estava quente
Todo o mundo não continha
Nem toda era entendia
Compreensão não havia
Mas as estrelas, elas sim, sabiam
O aviso então chegou
Trouxe consigo um desapego
Inapreciável aperto torto
Que abalou o que nunca havia sido mudado
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