quarta-feira, 1 de julho de 2009

Metamorfose

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“É que por enquanto a metarmofose de mim em mim mesma não faz sentido.”
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Essa breve frase de Clarice Lispector pode dizer muito sobre mim. E a busquei porque não estou numa fase em que escrever seja algo pleno e simples. Esse é um momento em que responder a todos os questionamentos sobre quem sou realmente não é tarefa fácil. Passo horas perguntando coisas a mim mesma, por vezes até penso em perguntar a quem me conhece: “O que vêem em mim? Como me vêem? O que pareço ser?”. Mas a ponte que liga o pensar e o fazer ainda não está pronta. Nitidamente hoje, só vejo alguns fatos, coisas vividas, mas nunca esquecidas – que a psicologia com certeza diria serem os motivos dos meus atuais tormentos – e que cada dia mais me assustam. Esses fatos assumem os papéis de valores, de modelos a serem seguidos, de coisas a serem realizadas. A verdade é que como inúmeros casos por aí, o que esperam de nós é sempre a perfeição e o exemplo. Para toda regra há exceções e, neste caso, até acho que há muito mais exceções. Mas não importa como são os outros. Importa como eu sou. E é isso que me deixa confusa. Não sei quem eu sou. Talvez eu saiba, e não queira assumir. Talvez eu tenha apenas medo. Talvez eu esteja louca. São tantas perguntas e nenhuma sou capaz de responder. Ou será que sou? É isso, uma avalanche de questões sem resolução. Interrogações espalhadas em minha cabeça como pedras no caminho. Não as desvendo, não as quebro, não as esqueço. Sinto os olhares, sinto as angústias. Sinto a curiosidade alheia, mas sinto principalmente a minha curiosidade em me descobrir e enfim viver. Sou complexa sim! Sou uma teia de indagações, pessoa que pensa e pensa e pensa. Pensamentos tantos que enlouquecem meus neurônios a tal ponto que acabo me perdendo de mim, esquecendo as minhas vontades, ignorando o tempo real da vida, que passa, não pára. Um tempo que inevitavelmente não terei como recuperar. E então, penso ainda mais e reclamo pelo que não fui, pelo que não fiz. Cobro do meu eu os momentos que deixei passar, a pessoa que poderia ter sido. Arrependimentos eu tenho muitos, mas os que mais doem são aqueles relacionados às coisas que perdi de ser e viver. Poderia eu ser apenas mais uma maluca nesse mundo onde há tantos outros. Poderia eu viver apenas a rotina como vivem tantos outros. Por fim, eu sou assim, mas o conformismo não faz parte de mim. Sei que não tenho consciência do melhor caminho, mas sei que este não é o meu caminho. Em outros momentos fico a pensar que talvez eu seja sonhadora demais. O que não poderia ser diferente já que sou pautada por pensamentos, inúmeros. Mas sonhar só não basta, e enquanto não concretizo nada, não vivo nada. Sou complexa sim! Tenho um corpo pequeno, uma voz vazia de coragem. Minhas mãos não carregam meus sonhos com a firmeza que deveriam. Minha alma não é lúcida como as nuvens e meu corpo já apresenta os sinais do cansaço de tantas contradições internas e dores não superadas. Muitos diriam que sou jovem demais pra tudo isso. Outros apostariam no estresse que cai sobre muitos nesse século. Outros ainda, diriam apenas que sou só uma louca que não faz sentido nenhum. A eles eu respondo que mesmo os jovens pensam, que o estresse acomete qualquer alma cansada e, que posso ser louca e não fazer sentido nenhum, mas sou real. E ser real também é não fazer sentido. Ser real é viver perguntando, indagando. É ter dúvidas. A todos eu só posso dizer que sou apenas humana. Que eu acerto tanto quanto erro, ou vice-versa. Que errar também faz parte de mim. Não sou a melhor. Nunca pedi pra ser. Se hoje estou assim, parecendo uma pessoa em conflito consigo mesma, é porque há coisas em mim que me incomodam, que me atormentam. Conflitante. Inconstante. Sou tudo e nada. Sou o que não sou, e não sou o que quero ser. Não preciso que entendam, não preciso ser decifrada. Eu só preciso não estar só! Preciso de uma mão que não me deixe cair. Preciso de um ombro pra me encostar quando tiver que chorar. De um colo pra deitar quando me sentir cansada. Preciso de um amigo que me carregue quando eu não puder andar. Eu só preciso não estar só!

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