sexta-feira, 17 de julho de 2009
A Lucidez Perigosa - Por Clarice Lispector
domingo, 12 de julho de 2009
Medo
Estou com medo. É um pavor tão grande que me consome o corpo, pedaço por pedaço, minuto a minuto.
Como vai ser amanhã?
Como vou resistir mais um dia?
E se eu quiser chorar, como fugir?
E se eu quiser sumir, pra onde ir?
Delírio
Ultimamente tenho andado distante. Eu não quis admitir, tentei fugir. Neguei constantemente. Esquivei-me das perguntas. Alguns me conhecem bem, outros nem tanto, e até esses me viram mudar. Não que eu quisesse mostrar, mas há coisas que não se pode esconder, pois se as palavras não contam, o rosto entrega.
E agora, o que estou fazendo?
Assumindo.
Não vejo a vida com flores coloridas, nem pássaros cantando, nem coraçõezinhos nos olhos, nem estrelas que cegam de tanto que brilham.
Porque resolvi dizer isso agora?
Ah... só por dizer.
Não sei como vai ser o dia de amanhã, não sei se terei outra chance pra contar essa coisa tão minha. Mas algo me diz que eu devia fazê-lo e aqui estou.
Por muito tempo eu achei que podia ser inquebrável. Dura feito pedra. Forte. Firme. E olha, eu tentei. Pra ser sincera ainda tento. Quando eu acordo, eu digo a mim mesma que preciso seguir
Agora, posso até saber o que você está pensando: “Louca, finge pra que?”. Mas eu respondo: “Quem nunca agiu assim que atire a primeira pedra!”.
É muito fácil julgar. E fizemos muito isso. Eu faço, você faz. E é por isso que decidi atuar. Posso estar errada, mas essa sou eu. Não quero as pessoas me olhando e dizendo o que eu sou, quem eu sou. Eu sei o que eu sou e ninguém mais sabe. Talvez alguém saiba...
Porque ser forte quando o que mais quero é chorar? Porque é isso que as pessoas esperam. É como se a dor fosse coisa de gente fraca. Eu não quero ser fraca, você quer?
Mas sabe, tenho aprendido que chorar tem suas vantagens, apesar de ainda fazer isso quando ninguém sabe que o faço. E de não ter ninguém que me diga que vou superar, que as coisas vão mudar, e toda aquela conversa pra levantar o astral quando ficamos mal. Isso tem me feito cada vez mais falta. Mas eu sei que não sou capaz, ainda, de mudar e gritar por socorro. Bom, talvez eu grite, mas acho que ainda não pude ser atendida.
Não estou decepcionada com ninguém, nem estou triste por achar que ninguém me entende. Talvez quando eu mesma conseguir fazer isso, eu comece a reclamar. A verdade, é que por mais que eu tente negar, sinto que a hora em que tudo vai vir a tona está chegando. Sinto medo, mas sei que vai ser bom. Mudanças são boas. Revelações são boas. Lágrimas, por mais amargas que sejam, são boas...
E sabe, nesse momento, eu vejo que chorar, com ou sem ajuda, é só o que me resta.
E então, continuo a acordar...
Eu fui
Eu me procuro constantemente pelo tempo
Nas fotos antigas, nos amigos distantes
Eu me procuro e não me alcanço
Eu me procuro e me perco
Se me achei já não sei
Se me vi ou foi miragem
Se foi sonho, pesadelo
Eu me procuro
E quando enfim me encontro
Eu fui embora dentro dos seus olhos
O amor existe
Meu corpo nunca foi tão grande
Nem tampouco minha alma tão cheia
Nem meus olhos tão brilhantes
Nem minhas mãos tão quentes
Nem minha boca tão sedenta
Nem minha vida tão viva
Se um dia eu vivi
Saibam
Nenhuma mulher consegue tudo isso
Se estiver só
O amor existe
E não se pode matá-lo
Nem esquecê-lo
Nem fingí-lo
Ou ele é
Ou não é
Pai
Meu pai era sério. Mas nunca foi um mistério. Nos seus olhos era sempre possível ver o seu amor, até nos mais indigestos momentos.
Meu pai é sério. Mas agora é um mistério. Talvez seja culpa da distância, ou talvez apenas, culpa do destino.
Minha
- Seja minha! Só minha! Pra sempre minha!
Era assim esse amor, tão intenso, tão real. Puro e verdadeiro.
Nos olhos dela, via-se a resposta, brilhante, apaixonada.
Pra onde?
Dias e dias sorrindo. Então, como tudo que é bom sempre atrai a inveja. Chegou a dor, acompanhada da saudade. O ar já não vinha. Os pulmões apagavam-se. O coração apenas doía.
Pra onde foram os sorrisos?
Lágrimas
Lágrimas contidas
Dores e feridas
Tão caladas
Nada inertes
Um minuto e são maiores
Um ano e são pedra
Uma vida e são morte
Eu preciso de um abraço
Eu só preciso de um abraço
Dentro dele estão meus sonhos
Os mais puros sentimentos
É quando me encontro, e me vejo
Eu preciso de um abraço
Dentro dele existe paz
Os mais doces desejos
É quando eu sinto, e me acalmo
Eu preciso de um abraço
Apertado, calado
Não precisa ser forte, apenas firme
Não precisa me esconder, apenas acolher
Eu preciso de um abraço
De braços sinceros
Onde me aqueço
Pra onde me entrego
Eu preciso de um abraço
Não precisa ser eterno
Mas precisa ser atento
E precisa ser honesto
Eu preciso de um abraço
Que já tive
Eu preciso de um abraço
Único e verdadeiro
Eu preciso de um abraço
O seu abraço
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Curto momento
- Sua pele está sedenta de carinho, disse ele.
Ela, completamente entregue, sentindo as mãos dele em seu corpo, apenas pensou:
- Sempre estou sedenta de seu carinho.